segunda-feira, 8 de agosto de 2011

O dilema de Dilma: novo estilo ou um tiro no pé?

Em mais um interessante artigo no Valor Econômico, Renato Janine Ribeiro, professor de ética e filosofia política da USP, toca no ponto certo do governo de Dilma Roussef. A presidente tem o seu estilo, mas será que pode se libertar das amarras fisiológicas do PT e dos partidos que lhe dão sustentação?

Leia na íntegra o artigo de Janine Ribeiro e alguns trechos abaixo:

Em meio ano, Dilma Rousseff demitiu três ministros de Pastas importantes. (...) Dilma continua falando pouco. Também não é de escrever. Ela assina. Assina demissões. Há uma lógica clara no seu modo de demitir.

Quando um ministro é suspeito de corrupção, ela quer que preste satisfação à sociedade. Dá-lhe uma chance. Não demite ninguém de pronto. Porém, se a satisfação prestada não for convincente - e foi esse o problema de Palocci, que era o grande ministro de uma grande Pasta, bem como o de Alfredo Nascimento, que dirigia um dos principais ministérios da Esplanada, não só pelo dinheiro manejado mas pela popularidade que gera, se construir e consertar estradas - o ministro sai. Esse não é um juízo criminal.

Não sabemos se foram ou não culpados das acusações que lhes foram dirigidas. É um julgamento político. A política lida com aparências. Para ela, não basta a mulher de César ser honesta, ela tem de parecer honesta - para retomar o célebre dito de Júlio César, pronunciado assim mesmo na terceira pessoa. (...)


Em suma, a presidente dá chance a quem é criticado e espera que a pessoa se mostre capaz de superar o mau momento. Porém, cobra. Um ministro não ficará no cargo fazendo-se de tonto. (...)

Ainda ignoramos como Dilma vai se comunicar. O que vimos é que exige respeito. É um dado importante. É um começo. Talvez precise terminar de ajeitar o governo. Isso demora - talvez um ano. Depois, terá de mostrar que ideais vai transmitir - como FHC e Lula fizeram. Está indo bem na tarefa de pôr ordem no ministério. Terá de mostrar para quê. Isto é: o que tem a propor ao povo. Esperemos.