segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Prossegue a disputa pela "nova classe média"

Ninguém sabe ao certo o que é, mas os números impressionam: a "nova classe média" representará 57% do eleitorado em 2014. De olho no voto dessa massa disforme e abstrata, todos os partidos lançam mão de um discurso para atraí-la. Quem vai chegar mais perto?

Em março, o Blog do PPS/SP propôs uma refundação política para atender com mais eficácia e sensibilidade a juventude e a classe média. Poucos dias depois, não por acaso, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso escreveu que a oposição deveria voltar a atenção para a nova classe média.

Basicamente o mesmo discurso de Gilberto Kassab e Claudio Lembo na formação do PSD da costela do DEM, aquele neopartido que "não é de direita, de centro, nem de esquerda" e pode acabar fazendo água de tão inodoro, insípido e incolor.

A nova formatação política proposta por Marina Silva e alguns dos seus seguidores "marineiros", entusiasmados com os quase 20 milhões de votos que surgiram espontaneamente, na reta final da campanha de 2010, segue na mesma linha provando o poder formador de opinião que têm essa nova classe média e a juventude em rede.

Agora é ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos, Wellington Moreira Franco, quem tenta fazer de Dilma Roussef, que já foi a mãe do PAC, a madrastra desta nova casta sóicio-econômica em ascenção.

"Nosso futuro está ligado a ela (a "nova classe média"), não tenho dúvida", arrisca o ministro do PMDB, tentando pegar carona na paternidade - nem que para isso seja necessário um exame de DNA no Programa do Ratinho.

Em tese, o interesse do governo é buscar formas de impedir o retorno do grupo à pobreza e impedir que se reduza o crescimento da população nessa faixa de renda. Desde 2003, ele foi de 46,57%. Na prática, estão de olho mesmo nos 57% do eleitorado.

Como revela matéria da jornalista Marta Salomon em O Estado de S. Paulo de hoje: "Se o peso dos votos dos emergentes é claro, o peso do bolso não fica atrás. No cenário econômico, eles também ganharam a posição de protagonistas. Segundo cálculo da Fundação Getúlio Vargas (FGV), a classe média já concentra 46,24% do poder de compra dos brasileiros, à frente dos consumidores das classes A e B, com 44,12%. Diferentes metodologias calculam entre 104 milhões e 105,5 milhões o número de integrantes da classe média - algo entre 53,9% e 55% da população do País."

Para a Fundação Getúlio Vargas (FGV), pertencem à classe média os brasileiros com renda familiar mensal entre R$ 1.200 e R$ 5.174. O Data Popular, instituto de pesquisa dedicado ao tema, considera da classe média quem tem renda mensal entre R$ 323 e R$ 1.388 por pessoa da família, ou renda domiciliar de R$ 2.295.

"A popularização da internet e a educação funcionam como travas contra o risco de empobrecimento dessa população", diz Renato Meirelles, diretor do Data Popular. Para Márcio Pochmann, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, o destino da classe média dependerá do modelo de desenvolvimento adotado. Ele defende investimentos em inovação tecnológica e geração de empregos de melhor qualidade.

Leia também:

Todos os partidos querem falar para a classe média