domingo, 2 de outubro de 2011

Tucanocídio, a missão

Já iríamos falar neste espaço da situação crítica enfrentada pelos tucanos, sobretudo em São Paulo, onde os caciques do PSDB não percebem (ou não admitem) que a cidade lhes reservou um papel coajduvante nos últimos anos.

Em avaliação informal, o presidente municipal do PPS paulistano, Carlos Fernandes, comentava ontem o óbvio: se os tucanos não deixarem de lado a soberba, não reconhecerem suas fraquezas e limitações, estão fadados ao insucesso mais uma vez.

Foi assim em 2008, quando a candidatura de Geraldo Alckmin à Prefeitura não chegou nem sequer ao segundo turno (repetindo o fracasso de 2000), e só não repetiu o insucesso em 2004 porque o paulistano não elegeu o PSDB, mas o anti-PT, representado naquele momento pela candidatura de José Serra, antagônico à então prefeita Marta Suplicy, que casualmente era oriundo do tucanato na coligação PSDB/DEM/PPS. Mas podia ser qualquer um.

Pois o Painel da Folha de S. Paulo deste domingo traz algumas notas que falam por si só. Não precisamos nos esforçar em grandes análises políticas. Os fatos são mais gritantes.

Cabem talvez mais duas observações interessantes sobre o complexo assunto do alto tucanato:

1) Incrível que a rejeição a José Serra seja maior quando o eleitorado é questionado sobre a sua possível candidatura a prefeito do que a presidente da República. Reflexo do abandono prematuro e sucessivo dos cargos de prefeito e governador para disputar as eleições de 2006 e 2010.

2) A insensibilidade e a crônica falta de visão do PSDB, que teria no veteraníssimo FHC o nome para ganhar a eleição paulistana, fazer o resgate histórico da derrota de 1985 para Jânio Quadros e o desagravo do julgamento equivocado dos seus dois governos (que em parte foi corrigido por quem menos se esperava: a presidente Dilma). Mas os tucanos preferem se perder em discussões estéreis sobre prévias para escolher o candidato que não vai chegar ao segundo turno.

É um paradoxo. Perceberam que a renovação é necessária e inevitável, mas farão isso pelo modo mais difícil e desgastante: a derrota.

Tucanocídio, a missão (Painel, 2/10)

Adormecida desde a transição, a disputa entre os grupos de Geraldo Alckmin e José Serra ressurgiu com a proximidade das prévias para escolher o candidato à prefeitura paulistana. Antes circunscrito a divergências quanto à continuidade de programas de governo, o clima de confronto contaminou a base do PSDB. Alckmistas duvidam do empenho de Serra na campanha, a depender do nome escolhido. Serristas se queixam de isolamento progressivo. O recrudescimento das hostilidades preocupa o partido. Teme-se que o protagonismo da eleição na capital acabe dividido exclusivamente entre o PT e Gilberto Kassab.

Sobe-desce Ajuda a alimentar o quadro de tensão no PSDB o diagnóstico de que a semana dos pré-candidatos terminou com viés de alta para Guilherme Afif, agora seguro da legenda do PSD, e de baixa para o tucano Bruno Covas, que se atrapalhou no Assembleiagate.

Não entendi 1 Em resposta à queixa pública de Aloysio Nunes por ter sido excluído do programa de televisão tucano, o presidente do PSDB-SP, Pedro Tobias, diz: "É estranho que ele reclame do espaço dado a candidatos a prefeito que levaram a campanha dele ao Senado nas costas em 2010".

Não entendi 2 Tobias considera ainda que criaria constrangimentos caso permitisse a aparição de Aloysio, não-candidato declarado, no palanque eletrônico da capital. "E o que eu faria com os outros quatro que assumiram a candidatura?", indaga, referindo-se a Andrea Matarazzo, Bruno Covas, José Aníbal e Ricardo Trípoli.


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