A jovem que acusa um advogado de 46 anos de tê-la atacado sexualmente no metrô de São Paulo, no último dia 14, diz que acha um desrespeito o quadro do humorístico Zorra Total, da TV Globo.
"Só quem já sentiu na pele a humilhação de ter um sujeito se esfregando contra o seu corpo sabe a tristeza que é. Tem gente que acha engraçado, mas eu, se eu pudesse, tirava [o quadro] do ar", disse, em depoimento à Folha de S. Paulo.
Segundo a denunciante, o assédio do advogado começou assim que ela entrou no vagão lotado e ele se encostou em seu corpo. Ao olhar para trás e ver o pênis do advogado para fora da calça, a jovem teria desmaiado.
Leia aqui a reportagem da Folha e os vídeos do quadro do metrô, com as personagens Valéria e Janete, no Zorra Total.
Como enfrentar a situação?
Há quem defenda - como já existem - vagões exclusivos para mulheres. Qual o próximo passo? Voltar a separar meninos e meninas em classes distintas na escola?
Podemos achar sem graça, antigo e forçado o humor do Zorra Total, mas as mulheres que hoje culpam um quadro do humorístico pelo assédio no metrô fazem rir (amarelo) mais que o programa global.
Façam um favor: punição aos loucos que molestarem mulheres, mas proibir, segregar, censurar sob o argumento da prevenção ou da preservação de direitos é uma atitude descabida e retrógrada.
A febre do “politicamente correto” e o patrulhamento excessivo que está havendo (sobretudo contra humoristas, mas de modo geral com todo mundo que interage com o público) passou do limite aceitável e passou a ser caricato e ridículo (ou seja, o efeito contrário do pretendido).
Começou com um desnecessário “bom dia a todas e todos” em qualquer apresentação, passando por eufemismos que reforçam o preconceito ao invés de combatê-lo.
Um exemplo concreto: hoje a polícia pode ser excessivamente rigorosa com um cidadão afrodescendente, antes descia o cacete em um negão. Hoje combatem (às vezes fisicamente) os defensores da união civil homoafetiva, antes ridicularizavam bicha, viado, sapatão, pederasta. Melhorou bastante, né?