Em mais um capítulo da interminável novela da licitação do sistema de transportes na cidade de São Paulo, a Prefeitura apresenta como se fosse novidade - e um ganho para a população - a história de que as empresas vencedoras vão ter que bancar internet sem fio (wi-fi) dentro de 2.500 dos 15 mil ônibus da cidade.
Notícia fabricada na medida para iludir a população. O prefeito Fernando Haddad (PT) vive de marketing. Resta esperar o resultado dessa artimanha na contagem de votos em outubro de 2016. Se valer o nosso palpite (e a torcida declarada), nem no 2º turno o petista vai chegar!
Como bem lembrado pelo presidente do PPS paulistano, Carlos Fernandes, "vale o ditado popular: não existe almoço grátis". Para ele, além da Prefeitura omitir que esse custo já estará embutido no contrato para implementação do novo controle de operações, "é bom que o Tribunal de Contas do Município e o Ministério Público fiquem atentos a cada detalhe deste processo."
O dirigente partidário alerta para a semelhança do que já ocorreu em 2004, quando o mesmo secretário de transportes, Jilmar Tatto, no último ano da gestão da prefeita Marta Suplicy, assinou o atual contrato do sistema, para os 10 anos seguintes, prazo já vencido e prorrogado indefinidamente pelo prefeito Haddad.
"Naquela época foi a mesma coisa: a especialidade do PT é empurrar o problema para o sucessor", afirma Carlos Fernandes, que trabalhou na SPTrans, a empresa gerenciadora do transporte urbano, durante a gestão do prefeito José Serra (PSDB), que assumiu em 2005. "A Prefeitura faz o contrato para um sistema ideal, mas que não tem a mínima aderência ao cenário real entregue pelo PT."
Voltemos ao edital do sistema de ônibus, enfim publicado nesta quinta-feira, dia 9 de julho, após dois anos e meio de adiamentos. Os próximos passos, agora, serão pelo menos 30 dias para a Prefeitura e a SPTrans receberem sugestões de empresários e especialistas do setor, antes da abertura da licitação.
Se tudo der certo, na melhor das hipóteses, a concorrência para definir as empresas que vão atuar no transporte urbano paulistano pelos próximos 20 anos se encerraria até 31 de dezembro e entraria em vigor só em meados de 2016.
Ou seja, o presidente do PPS está correto: Haddad vai elaborar um contrato para ser administrado pelo sucessor. "O contrato vigente previa uma série de obras de corredores, por exemplo, que jamais foram realizadas", aponta Carlos Fernandes. "É o mesmo caso de agora: nenhuma das metas da atual gestão no setor de transportes será cumprida, aí a bomba estoura no colo de quem assumir a Prefeitura após o PT."
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