Artigo de Carlos Fernandes (PPS/SP) |
Ou seja, que o serviço prestado é caro e insatisfatório, que o atual contrato não tem aderência à situação real da cidade, que a rede existente não consegue atender a demanda, que há linhas sobrepostas, ônibus superlotados e corredores insuficientes.
Além de gastar dinheiro para descobrir o óbvio, o resultado da auditoria é uma falácia. Quando divulgou que poderia economizar 7,4% com o sistema municipal, como se fosse uma grande novidade, Haddad só esqueceu de explicar que isso só seria possível com um novo contrato, pois está empurrando o atual com a barriga há dois anos.
O contrato em vigor foi assinado em 2004, na gestão anterior do PT na Prefeitura de São Paulo, mas pelo mesmo secretário, Jilmar Tatto. Conclusão: foi ele próprio que contratou o serviço que hoje considera insatisfatório.
A Prefeitura anuncia a nova licitação para 2015, junto com um "estudo" que supostamente vai propor a readequação de todo o sistema, mas que vai demorar dois anos para ficar pronto. Outra decisão sem sentido: promete primeiro a licitação e só depois o planejamento da nova rede.
O que o usuário do transporte espera é que a Prefeitura diminua o custo e aumente a qualidade do transporte, mantendo o valor da tarifa e reduzindo o subsídio pago às empresas.
Enquanto não atender o essencial, não adianta Haddad alegar que essa auditoria vai servir de base para elaborar o novo edital de concessão, suspenso desde o início de 2013 e engavetado após as manifestações contra o aumento da tarifa.
A base do novo contrato deve ser o custo real do sistema, calculado sobre o número de linhas suficientes para atender a população de forma satisfatória, considerando de modo inteligente e planejado a quantidade necessária de ônibus, da quilometragem rodada e do número de passageiros transportados.
A Prefeitura até hoje não resolveu o problema do transporte na cidade de São Paulo por um misto de incompetência com irresponsabilidade. Tem gente na gestão Haddad que deveria pedir para descer no próximo ponto. Quem paga o pato, sempre, é o usuário deste serviço capenga. Já basta!
Carlos Fernandes foi subprefeito da Lapa e preside o PPS paulistano.