Artigo de Carlos Fernandes (PPS/SP) |
Ao apostar, como sempre, na divisão rico x pobre, ou centro x periferia, Haddad erra o alvo. Em vez de universalizar a cobrança, fazendo com que todos paguem um pouco (ou o justo, cada um pagando proporcionalmente aquilo que pode), a Prefeitura reforça a desigualdade: isenta metade da cidade e castiga a outra metade.
Veja que incoerência: Haddad anuncia que está privilegiando o cidadão mais pobre, mas o aumento abusivo do imposto para todo o comércio atinge em cheio a classe trabalhadora, onerando o setor que gera emprego e renda. Pura maldade.
O reajuste maior para os moradores do centro é outro erro de visão. Haddad esquece que essa região, melhor assistida de infra-estrutura, atrai também famílias de baixa renda. Será que o prefeito conhece o perfil do morador de regiões como Sé, Luz, República, Brás, Bela Vista? Podem ser considerados bairros de "rico"? Ora...
Aliás, lembre-se que essa foi uma das principais promessas de todos os candidatos a prefeito - e do próprio Haddad: a reaproximação "casa/trabalho", incentivando a moradia na região central e levando mais emprego e renda para a periferia.
Agora, numa só tacada, com esse aumento abusivo do IPTU para o comércio e para residências do centro, Haddad desestimula o repovoamento desses bairros ao tornar impraticável o custo com moradia, e cria mais um obstáculo para os comerciantes na cidade como um todo.
Ou seja, Haddad reforça o déficit habitacional no centro e aumenta a crise de emprego na periferia, ao inviabilizar o pequeno comércio. Além de patrocinar o repasse deste aumento para o preço final de serviços e produtos, encarecendo ainda mais o custo de vida na cidade.
Quem onera trabalhadores, aposentados, comerciantes e a classe média há mais de uma década é o governo federal do PT. A situação vem se agravando com a crise econômica, a subida da inflação e a ameaça no horizonte do retorno da recessão e do desemprego.
Esse é o resumo dos governos do PT, onde Haddad e Dilma se equivalem: incompetência e irresponsabilidade, encobertos por muita propaganda para tentar esconder o que fica cada vez mais evidente.
Carlos Fernandes foi subprefeito da Lapa e preside o PPS paulistano.