Até aí, aparentemente, nada demais. Afinal, ambos estavam na pauta da Câmara Municipal e havia mesmo a expectativa de votá-los antes do recesso, que deverá ter início após a aprovação do Orçamento de 2015 (pautado para a sessão das 15h desta sexta-feira).
Mas não podemos esquecer que estamos tratando do governo do PT, então é só esperar que alguma sacanagem vai ter. Bingo!
Foi enfiado às pressas no substitutivo do PPI, na calada da noite, aquilo que o senso comum chama com propriedade de "contrabando" de projetos. Instituiu-se numa só tacada a "tarifa zero" para estudantes e o fim da função de cobrador de ônibus.
É isso mesmo que você está lendo! O assunto principal do projeto era o parcelamento de dívidas do contribuinte com a Prefeitura de São Paulo, mas Haddad, no pior estilo do Dr. Frankenstein, criou um monstrengo ao fazer o enxerto de outros temas no corpo do texto aprovado, para dar "vida" às suas maldades, sem tempo de qualquer debate com a sociedade. Um absurdo!
Assim, o Projeto de Lei 384/2014, de autoria do Executivo, que institui o PPI para 2015, foi aprovado em definitivo por 36 votos, com substitutivo do governo que prevê isenção do ISS (Imposto Sobre Serviço) para cooperativas de cultura e cartórios, além de autorizar medidas para o transporte público, como a "tarifa zero" para estudantes e a "realocação" dos cobradores, que a critério das empresas poderão ser "requalificados para outros cargos".
Na prática, esse "contrabando" de projetos - manobra deplorável da base governista - coloca em risco o emprego de 24 mil cobradores de ônibus na cidade de São Paulo. Aliás, diga-se que no transporte "alternativo" (as chamadas lotações), os cobradores já foram extintos faz tempo (apesar de oficialmente continuarem existindo, inclusive na planilha de custos das cooperativas, que a Prefeitura paga sem nenhum questionamento).
Aumento do IPTU
Aumento do IPTU
Havia a expectativa de aumento de até 20% do IPTU residencial e 35% do comercial. O que a Prefeitura fez? Estabeleceu um "teto" de 10% para imóveis residenciais e 15% para pontos comerciais (como já era previsto em 2014). Em contrapartida, em mais um "contrabando", o texto estabelece aumento do ITBI (Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis), que passa de 2% para 3% em 2015.
Era óbvia a rejeição popular à ideia do aumento abusivo do IPTU, fora o impacto na inflação e no custo de vida da população. Então o marketing do PT inventa uma historinha (que a imprensa cooPTada acredita) para reduzir o fardo que representa para um prefeito e para um partido que vão mal das pernas e precisam começar a construir o longo caminho da reeleição.
A Prefeitura apelou para a velha estratégia do bode na sala. Lembra?
Numa situação que já é crítica, um bode malcheiroso é colocado no meio da sala. Fica dias ali, tornando-se o maior dos problemas. Quando é retirado, o alívio é tão grande que ninguém mais reclama de tudo aquilo que incomodava antes do bode.
Foi assim com o aumento do IPTU e esta suposta "redução do aumento". O bode do Haddad. Piada de mau gosto.
Prioridade de Haddad é "fazer uma social", enquanto verdadeiras pastas sociais permanecem sucateadas