Vejamos: a imprensa relata hoje que a frota de ônibus em circulação na cidade é a mais velha das últimas três administrações, com quase seis anos de uso, em média, e que pelo menos 6% destes veículos (542 entre 8.760 ônibus, segundo dados oficiais) já passaram do limite de dez anos de fabricação. Ou seja, pelo contrato com a prefeitura, não poderiam mais circular. Estão irregulares.
Aí que entra o agravante do problema, que a mídia não aprofunda e o governo tenta esconder: quando estouraram as manifestações contra o aumento da tarifa, no ano passado, uma das respostas do prefeito foi anunciar uma auditoria internacional sobre o contrato bilionário que estava se encerrando, e prorrogá-lo enquanto seria elaborada a nova licitação pública.
Passado um ano, o que aconteceu? Absolutamente NADA! O contrato já encerrado segue prorrogado por tempo indeterminado, foi aberta e concluída uma CPI chapa-branca que não atendeu a demanda de abrir a "caixa-preta" do transporte, e a tal licitação não passou de sonho de uma noite de verão.
Voltando aos ônibus velhos em circulação, o problema se desdobra em duas questões que precisam ser resolvidas pela Prefeitura (e pela Câmara Municipal, atenção base governista e oposição!):
1) Como a administração do PT remunera as empresas por esses ônibus que circulam com prazo de validade vencido, desrespeitando o contrato e atestando uma ilegalidade? Má fé? Ignorância da lei? Incompetência? Prevaricação? Improbidade administrativa?
2) Sob o ponto de vista dos empresários, sempre apontados como vilões do sistema (e quase sempre são, de fato), como exigir que eles comprem ônibus novos para colocar em circulação e cumprir o contrato que está encerrado há um ano, de um serviço que pode ser interrompido a qualquer momento e sobre o qual não há qualquer garantia de retorno do investimento, ou expectativa de participação na futura licitação?
Outra lembrança que desagrada os petistas: o atual contrato, encerrado e prorrogado por um ano, foi assinado na gestão da prefeita Marta Suplicy, pelo mesmo atual secretário municipal dos Transportes, Jilmar Tatto. Nem entraremos no mérito da falta de transparência e das suspeitas que pairam sobre o setor. É apenas uma constatação.
Quando o prefeito José Serra assumiu, em 2005, herdou o contrato novo e ônibus velhos, que foram gradualmente renovados até 2006 (ano em que a idade média da frota era de quase seis anos, porém foi zerada a circulação de veículos com mais de dez anos de fabricação, respeitando-se o contrato vigente).
Agora, com o retorno do secretário Jilmar Tatto, no cargo há 15 meses, retorna também o problema crônico dos ônibus velhos. Linhas cortadas, frota envelhecida, sistema sucateado, subsídio bilionário, contrato encerrado sem licitação à vista: eis o resumo das ações da gestão "nova" do PT para enfrentar os problemas criados pelo "velho" PT. Mais do mesmo.
A resposta do prefeito? Sair por aí pintando faixas no asfalto. Centenas de quilômetros de faixas exclusivas, sem qualquer planejamento. É tinta branca no chão e só! Dane-se o resto (o trânsito, o comércio, a paciência do paulistano, a qualidade de vida). Pois é, Haddad vai acabar com a broxa na mão...
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