A semana que acaba hoje já é, de longe, a pior deste ano
para Dilma Rousseff. As desventuras em série da presidente foram várias.
Um apagão deixou sem luz seis milhões de pessoas. Uma médica cubana desertou
do programa Mais Médicos. O PMDB espetou (pela centésima vez) a faca na barriga
da presidente para arrancar mais cargos e benefícios. Mensaleiros continuaram a
ser presos, seja na penitenciária da Papuda ou na Itália.
De quebra, continuam a acontecer manifestações violentas em algumas cidades.
O transporte público urbano é um gargalo incontornável no nos próximos meses ou
anos. Este verão tem sido um inferno para quem vive nas grandes metrópoles.
Muito do que há de ruim no país não é culpa da presidente da República.
Aliás, as coisas poderiam estar piores se o Brasil não tivesse experimentado a
sequência FHC-Lula-Dilma no Planalto. Mas não importa. A sensação geral de
incômodo é uma realidade --e isso explica grande parte das pessoas desejarem
mudança na forma de governar, como bem detectou o Datafolha.
O momento é especialmente delicado para o governo porque há fatores
imponderáveis à frente. Os problemas infraestruturais são graves e insolúveis no
curto prazo. Ninguém sabe se haverá novos apagões. Nesse ambiente, o principal
nó é o político.
Os partidos aliados a Dilma sabem que esta é a hora de esfolar a presidente.
O prazo termina em junho --quando se fecham todas as alianças para a eleição de
outubro. A partir de julho, quem está dentro não sai; quem está fora, não entra.
A correlação de forças de cerca de dez partidos políticos no condomínio
governista se define nos próximos cinco meses. A hora de formatar o fatiamento
do poder é agora. A fórmula valerá até 2018 no caso de vitória dilmista. É por
essa razão que tudo será muito tenso, pelo menos, até o final de junho. E outras
semanas piores podem vir por aí.
(Artigo do jornalista Fernando Rodrigues publicado neste sábado na Folha de S. Paulo)
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