Entre Auschwitz e The Walking Dead, há de se encontrar uma saída intermediária para o problema do crack em São Paulo e nas grandes cidades do país. Entre a solução quase nazista à direita, de quem, se pudesse, jogava todos os viciados na câmara de gás, e o paliativo à esquerda, que incentiva hordas de zumbis nas ruas, a sociedade exige uma ação que contemple os direitos humanos dos viciados mas não seja complacente com bandidos e traficantes.
A ação cosmética denominada "Braços Abertos", da gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) na terra-de-ninguém da cracolândia, finge recuperar os drogados para o convívio social, oferecendo trabalho e abrigo à população sem-teto, mas na prática apenas inflacionou o mercado da droga.
Dar R$ 15 por dia e uma hospedagem num hotelzinho da região central, sem o devido atendimento à saúde do usuário e acompanhamento psicológico, e sobretudo rechaçando qualquer ação policial de combate ao tráfico, nada mais faz do que patrocinar o consumo do crack.
Se com drogas consideradas mais "leves" ou socialmente aceitas, como o álcool, a dependência é fatal e a busca espontânea do tratamento é difícil, no caso do crack é praticamente impossível. Imaginar que essa gente esquálida abandonada à própria sorte, mortos-vivos sem autoestima e nenhuma consciência da gravidade do problema vão abandonar o vício milagrosamente ao receber esmola e um colete azul de servidor da Prefeitura, é um ato de ingenuidade ou má-fé.
Faz-se um estardalhaço - insuflado pelo marketing e pela publicidade da Prefeitura na mídia - como se a ação de Haddad tivesse um efeito grandioso e revolucionário, quando na verdade começou com apenas 386 viciados e já teve uma baixa de 25% em duas semanas (mesmo oferecendo dinheiro e abrigo).
Os usuários selecionados para o trabalho de varrição receberam o primeiro pagamento integral de R$ 105 (referente aos sete dias da primeira semana do projeto). Nesta semana, vão ganhar apenas o equivalente aos dias efetivamente trabalhados, mais o final-de-semana, pois em tese deveria haver uma agenda de atividades culturais aos sábados e domingos, mas que ainda não tiveram início por incompetência da administração (oh! surpresa!)
Conclusão: como é hábito do PT, para esconder tanto a incapacidade governamental quanto a falência ideológica, apelaram para o conflito de classes no caso da cracolândia. Quem cobra segurança na região é de "direita", ou a "elite branca". Quem critica a degradação urbana, defende a revitalização dos bairros e se preocupa com a qualidade de vida deve estar querendo faturar com a "especulação imobiliária". Porque quem é bonzinho e humano de verdade, de "esquerda", precisa aplaudir a iniciativa de Haddad - ainda que, na prática, ela se mostre absolutamente ineficaz.
Enfim, mais que estar de "braços abertos", é preciso superar as "mentes fechadas". Enfrentar a ira da guerrilha virtual petista financiada pela máquina governista com a única finalidade de dizimar a oposição e desqualificar qualquer argumento que, por mais coerente e sensato, desafine o coro majoritário oficial. Complicado, mas a população começa também a abrir os olhos...
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