A intenção declarada do prefeito é competir com a RioFilme, empresa similar da Prefeitura do Rio de Janeiro que existe desde 1992. No ato de lançamento do "Programa de Investimento SPcine/Brasil de Todas as Telas", que contempla produções do cinema paulistano, Haddad chegou a "corrigir" o seu secretário municipal da Cultura, Nabil Bonduki.
(Cabe aqui um comentário do Blog do PPS: esse dinheiro público será destinado ao cinema, mas o que Haddad faz é puro teatro)
Quando o secretário Bonduki afirmou que, no setor audiovisual, São Paulo ainda está atrás do Rio de Janeiro, mas que isso "vai mudar", embora não espere uma competição entre os cinemas de São Paulo e do Rio, Haddad rebateu: "Quero fazer duas correções. Nós estávamos atrás do Rio. Não estamos mais. Isso é, sim, uma competição. Quero ganhar do Rio", disse o prefeito. "Depois que a gente passar, não será mais uma competição."
O prefeito e seu secretário de Cultura só não explicaram que a SPcine é uma espécie de confraria petista, um clube de amigos, simpatizantes e colaboradores do PT. Desde a sua origem. Pois vamos relembrar como surgiu a nova empresa da Prefeitura, passo a passo...
O prefeito e seu secretário de Cultura só não explicaram que a SPcine é uma espécie de confraria petista, um clube de amigos, simpatizantes e colaboradores do PT. Desde a sua origem. Pois vamos relembrar como surgiu a nova empresa da Prefeitura, passo a passo...
O projeto 772/2013 foi apresentado pelo Executivo, mas quem fez lobby na Câmara para a sua aprovação, percorrendo gabinetes de vereadores e comparecendo a diversas sessões e reuniões da Mesa Diretora, foi o cineasta Toni Venturi. Até porque o ex-presidente da Associação Paulista de Cineastas é também o principal idealizador do projeto.
Registre-se que o cineasta Toni Venturi é apoiador declarado do prefeito Fernando Haddad (assista aqui) e da presidente Dilma Roussef.
Foi um dos autores do "Manifesto Pró-Dilma do Audiovisual Brasileiro", lido por ele ao lado da também cineasta Laís Bodanzky para a presidente num ato público no dia 20 de outubro de 2014, às vésperas do segundo turno da eleição presidencial, na presença, entre outros, de Lula e Haddad, como mostra gravação da TV do PT.
Mas a relação do cineasta com o petismo é antiga. Em 2003, por exemplo, como está aqui registrado, quando José Genoíno presidia o Partido dos Trabalhadores, Toni Venturi dirigiu o documentário "O PT faz História", produzido pela Secretaria Nacional de Formação Política
do Diretório Nacional do PT e pela Fundação Perseu Abramo.
Familiarizado com o PT e com vídeos, neste aqui Toni Venturi declara apoio ao candidato petista ao Governo do Estado em 2014, Alexandre Padilha, e a um candidato a deputado estadual do PT, Alessandro Azevedo, o "Palhaço Charles".
Nas redes sociais, Toni Venturi não é tão atuante quanto no mundo real. No twitter, segue apenas seis outros perfis, entre eles Fernando Haddad, Dilma Roussef e o atual presidente do PT, Rui Falcão.
Mas o que realmente causa estranheza é que Toni Venturi, apoiador declarado do PT e idealizador da SPcine, seja também o principal beneficiário dos seus primeiros investimentos.
O prefeito Haddad anunciou a liberação de R$ 13 milhões para 30 filmes (serão liberados mais R$ 7 milhões neste ano), em quatro faixas distintas de investimentos. Na maior, de 4 milhões, consta um filme com direção e produção de Toni Venturi, "A Comédia Divina", com os globais Murilo Rosa, Dalton Vigh e Monica Iozzi.
A Prefeitura informa que os projetos contemplados com dinheiro público foram definidos "por meio de um processo contínuo". Ou seja, "aqueles que reuniram as condições estipuladas pelo regulamento foram automaticamente habilitados a solicitar os recursos financeiros correspondentes à linha de interesse".
Ainda segundo a gestão petista, "os valores foram disponibilizados de acordo com a ordem de inscrição, realizada online. Os recursos da linha 4, por exemplo, foram esgotados em apenas uma hora." É aí que se enquadra o filme de Toni Venturi. Nem se discute o mérito, mas o procedimento: bastou uma inscrição online e uma hora para ter acesso ao benefício milionário de um projeto que ele mesmo idealizou.
A SPcine é presidida por Ranulfo Alfredo Manevy de Pereira Mendes, graduado em Cinema e Doutor em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. Alfredo Manevy atuou no Ministério da Cultura durante os oito anos do governo Lula, onde foi secretário-executivo e ministro interino em diversas ocasiões.
Ao lado do presidente, o principal executivo da empresa é Mauricio Andrade Ramos, produtor de dois famosos filmes pró-Lula: "Peões", de Eduardo Coutinho, que retrata a vida de 21 operários da indústria metalúrgica do ABC, dentre eles Lula, que estava em plena campanha presidencial quando o documentário foi rodado, em 2002; e "Entreatos", de João Moreira Sales, que mostra os bastidores da mesma campanha.
O presidente do Conselho Administrativo da SPcine é Orlando Senna, que foi secretário de Audiovisual do Ministério da Cultura de 2003 a 2007 e diretor-geral da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), responsável pela implantação da TV pública criada pelo governo Lula. É outro fã declarado do ex-presidente.
É o fim.
Nota do Blog do PPS: Como é praxe no bom jornalismo, registramos a posição contrária do escritor e cineasta João Batista de Andrade sobre a matéria. Leia abaixo:
Transmito, com todo o respeito e companheirismo, que não posso concordar com esse tipo de artigo carregado de cobranças.
Sou obrigado a manifestar minha solidariedade aos cineastas ali citados e cobrados por suas opções políticas, particularmente o Toni Venturi, além dos dirigentes da instituição.
Todos são pessoas militantes do cinema brasileiro e merecem respeito.
Analisar e mesmo questionar a SPcine sempre é possível, como para qualquer instituição pública. Apesar de que, mesmo como algumas inevitáveis críticas, sei que os cineastas de São Paulo esperam muito dessa entidade.
Fica então a torcida para que essa esperança se concretize pelo bem do cinema paulista e brasileiro. Cabe aos cineastas paulistas acompanharem a política exercitada pelos seus dirigentes que, como pessoas, também merecem nosso respeito.
Peço que faça constar do Blog essas minhas observações.
Muito obrigado,
João Batista de Andrade
Escritor e Cineasta
Outro lado: Toni Venturi responde
Prezados editores do Blog do PPS,
Como fui citado maliciosamente no artigo sobre a Spcine e prezo a inteligência dos leitores do Blog do PPS, venho através desta mensagem esclarecer os fatos e colocar a verdade em seu devido e merecido lugar.
A Spcine é um projeto ESTRUTURANTE e COLETIVO do cinema e audiovisual paulista. Foi abraçado por todas as entidades profissionais do setor, que assinam o documento matriz da criação da empresa, e apoiado pelas principais lideranças cinematográficas do estado de São Paulo, de todas as matizes e preferências políticas.
A Spcine é a primeira empresa de capital aberto do Brasil que tem a participação e apoio das TRÊS ESFERAS do poder público: município, estado e governo federal. Participam da gênesis da empresa o município de São Paulo, através da Secretaria de Cultura; o governo do estado de São Paulo, também através da Secretaria de Cultura com o apoio entusiasta de governador Alckmin (reparem na foto publicada pelo Blog, que logo atrás do Prefeito Fernando Haddad está o Secretário Marcelo Araújo); e o governo federal, através da Ancine, Agência Nacional de Cinema, e Minc, Ministério da Cultura.
Os editais de fomento 2015 foram realizados em parceria com os recursos do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), gerido pela Ancine, e seguiram as estritas regras do Regulamento Geral do PRODAV. As Linhas 2, 3 e 4 utilizaram o mecanismo de apoio automático, que é composto de regras e normas muito OBJETIVAS, TRANSPARENTES e REPUBLICANAS, por isso a seleção dos projetos foi rápida e eficaz. Esta forma de seleção não passa pelo filtro subjetivo das comissões de seleção, análise de roteiro e dramaturgia. O mérito está na documentação que os propontentes apresentam, como contratos de captação de recursos já realizados, contratos de coprodução e de distribuição, que obriga até a especificação do número de cópias a serem lançadas no mercado de salas de cinema. Aqueles que não possuem a documentação exigida não são habilitados a concorrer. Não há preferência nem qualquer tipo de direcionamento no resultado dessas linhas, como a matéria tenta induzir. Ao contrário, as regras são tão rígidas que na Linha 3, de produção, a demanda do setor ficou aquém dos recursos financeiros colocados à disposição pela Spcine. E vale também salientar a pluralidade dos resultados e quantidade de projetos contemplados, mais de 30 filmes, de todos os gêneros, produtores e temas.
Outro ponto que desejo destacar é que NENHUM RECURSO FINANCEIRO será recebido pela minha empresa, produtora da obra. Quem foi contemplado pelos recursos da Linha 4 de comercialização foi a empresa Wmix, a distribuidora do meu filme, "A Comédia Divina". Eles são o PROPONENTE do projeto junto à Spcine, foram eles que apresentaram todos os documentos exigidos pelo edital, são eles que irão utilizar os recursos e prestar contas do dinheiro público, e no ORÇAMENTO de lançamento apresentado ao edital NÃO há sequer um CACHET para o diretor do filme. Todos os recursos serão utilizados no P&A do lançamento (cópias e publicidade) para que a obra seja usufruída da forma mais abrangente possível pela sociedade.
Finalmente, após trazer à luz os fatos corretos para os leitores sobre o fomento da Spcine, quero congratular o Blog do PPS por ter feito corretamente a pesquisa sobre minhas preferências políticas e dos apoios aos governos LULA, DILMA e FERNANDO HADDAD. Me orgulho de viver num país democrático e de poder exercer livremente as minhas opções políticas ou militância pessoal, sem ser perseguido como fomos na ditadura militar, ou cobrado publicamente, como fomos em tempos tristes que agora parecem estar de volta, lamentavelmente.Peço, encarecidamente, que esta mensagem seja publicada na íntegra, se possível, logo abaixo à do companheiro, JOÃO BATISTA DE ANDRADE, a quem admiro muito.
Cordialmente,
Como fui citado maliciosamente no artigo sobre a Spcine e prezo a inteligência dos leitores do Blog do PPS, venho através desta mensagem esclarecer os fatos e colocar a verdade em seu devido e merecido lugar.
A Spcine é um projeto ESTRUTURANTE e COLETIVO do cinema e audiovisual paulista. Foi abraçado por todas as entidades profissionais do setor, que assinam o documento matriz da criação da empresa, e apoiado pelas principais lideranças cinematográficas do estado de São Paulo, de todas as matizes e preferências políticas.
A Spcine é a primeira empresa de capital aberto do Brasil que tem a participação e apoio das TRÊS ESFERAS do poder público: município, estado e governo federal. Participam da gênesis da empresa o município de São Paulo, através da Secretaria de Cultura; o governo do estado de São Paulo, também através da Secretaria de Cultura com o apoio entusiasta de governador Alckmin (reparem na foto publicada pelo Blog, que logo atrás do Prefeito Fernando Haddad está o Secretário Marcelo Araújo); e o governo federal, através da Ancine, Agência Nacional de Cinema, e Minc, Ministério da Cultura.
Os editais de fomento 2015 foram realizados em parceria com os recursos do FSA (Fundo Setorial do Audiovisual), gerido pela Ancine, e seguiram as estritas regras do Regulamento Geral do PRODAV. As Linhas 2, 3 e 4 utilizaram o mecanismo de apoio automático, que é composto de regras e normas muito OBJETIVAS, TRANSPARENTES e REPUBLICANAS, por isso a seleção dos projetos foi rápida e eficaz. Esta forma de seleção não passa pelo filtro subjetivo das comissões de seleção, análise de roteiro e dramaturgia. O mérito está na documentação que os propontentes apresentam, como contratos de captação de recursos já realizados, contratos de coprodução e de distribuição, que obriga até a especificação do número de cópias a serem lançadas no mercado de salas de cinema. Aqueles que não possuem a documentação exigida não são habilitados a concorrer. Não há preferência nem qualquer tipo de direcionamento no resultado dessas linhas, como a matéria tenta induzir. Ao contrário, as regras são tão rígidas que na Linha 3, de produção, a demanda do setor ficou aquém dos recursos financeiros colocados à disposição pela Spcine. E vale também salientar a pluralidade dos resultados e quantidade de projetos contemplados, mais de 30 filmes, de todos os gêneros, produtores e temas.
Outro ponto que desejo destacar é que NENHUM RECURSO FINANCEIRO será recebido pela minha empresa, produtora da obra. Quem foi contemplado pelos recursos da Linha 4 de comercialização foi a empresa Wmix, a distribuidora do meu filme, "A Comédia Divina". Eles são o PROPONENTE do projeto junto à Spcine, foram eles que apresentaram todos os documentos exigidos pelo edital, são eles que irão utilizar os recursos e prestar contas do dinheiro público, e no ORÇAMENTO de lançamento apresentado ao edital NÃO há sequer um CACHET para o diretor do filme. Todos os recursos serão utilizados no P&A do lançamento (cópias e publicidade) para que a obra seja usufruída da forma mais abrangente possível pela sociedade.
Finalmente, após trazer à luz os fatos corretos para os leitores sobre o fomento da Spcine, quero congratular o Blog do PPS por ter feito corretamente a pesquisa sobre minhas preferências políticas e dos apoios aos governos LULA, DILMA e FERNANDO HADDAD. Me orgulho de viver num país democrático e de poder exercer livremente as minhas opções políticas ou militância pessoal, sem ser perseguido como fomos na ditadura militar, ou cobrado publicamente, como fomos em tempos tristes que agora parecem estar de volta, lamentavelmente.Peço, encarecidamente, que esta mensagem seja publicada na íntegra, se possível, logo abaixo à do companheiro, JOÃO BATISTA DE ANDRADE, a quem admiro muito.
Cordialmente,
TONI VENTURI
Diretor dos filmes "O Velho, A História de Luiz Carlos Prestes",
"Cabra-Cega", "Estamos Juntos", entre outros.
A Spcine - Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo vem por meio desta contestar as afirmações equivocadas feitas pelo Blog do PPS no texto intitulado “SPcine: confraria petista com dinheiro público”.
Ressaltamos que o projeto da Spcine é uma reivindicação de duas décadas da classe artística com o objetivo de desenvolver o audiovisual paulista. A empresa articula a colaboração das três esferas de governo (Prefeitura de São Paulo, o Governo do Estado e o Governo Federal, por meio da ANCINE - Agência Nacional do Cinema) e sua lei foi aprovada na câmara por unanimidade e com apoio de todos os partidos políticos. A Spcine atua de forma republicana e não favorece grupo político, seja no diálogo com os realizadores, seja no ato de seleção de seus projetos.
Ao contrário do que afirma o Blog, os projetos das linhas de fluxo contínuo foram selecionados mediante edital público, com critérios previamente definidos e isonomicamente aplicados a todos os concorrentes, como exigido pela Lei Federal nº 8.666/1993. Como medidas de transparência e democratização do acesso, a Spcine divulgou amplamente em seus canais institucionais os resultados (parciais e final) do processo, além de promover encontros presenciais e atendimentos por meio de seus canais de comunicação entre os meses de abril e junho deste ano.
Os critérios das linhas de fluxo contínuo buscaram atender à diversidade do cinema paulista e gerar impacto positivo nos elos da cadeia deste mercado. Entre eles, a expansão das produções paulistas nas salas de cinema do País e a garantia de investimento em publicidade dos filmes.
A Spcine reitera seu papel de reconhecimento e estímulo do potencial econômico e criativo do audiovisual paulista e seu impacto em âmbito cultural e social.
A Spcine aceita críticas e está sujeita ao debate, mas tem obrigação de rebater informações que não são verdadeiras.
Repudiamos as insinuações do Blog e, se preciso for, avaliaremos e tomaremos as iniciativas necessárias para rebater, nas instâncias cabíveis, afirmações caluniosas.
Equipe Spcine
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E o cerco sobre os corruPTos vai se fechando...
Haddad e a gestão do prefeito Frankenstein