Ao final de 2014, chegamos à metade da gestão do prefeito Fernando Haddad com um sentimento de frustração de quem vê a cidade de São Paulo desgovernada, entregue a gente despreparada e incompetente, com a administração loteada politicamente e aparelhada partidariamente.
Passamos dois anos sem chegar nem perto das metas de governo apresentadas pelo PT. Teremos pela frente outros dois anos para ouvir mais promessas e sermos outra vez cobaias do marketing que aposta sempre na polarização eleitoral, na divisão da população e no acirramento do ódio e do preconceito para se manter no poder.
Nós acabamos de sair de um processo eleitoral que reelegeu a presidente Dilma Roussef com 54,5 milhões de votos, ou 51,64% dos votos válidos. Porém, outros 87,3 milhões de brasileiros não votaram na candidata do PT. Foram 51 milhões de votos em Aécio Neves (48,36% dos votos válidos), além de 36,3 milhões de abstenções e votos nulos ou brancos (26,76% do eleitorado).
Ou seja, a insatisfação dos brasileiros com o governo, mas também com a política e os políticos de um modo geral, ficou latente nas urnas. Talvez o PT ainda não tenha entendido o recado, pois a vitória eleitoral pode iludir os mais afoitos e encobrir o insurgente desejo de mudança. Porém, nada altera o fato de que a maioria da população (mais de 61% do total de 142 milhões de eleitores) simplesmente não endossa os métodos e práticas destes 12 anos de desgoverno petista.
É o entusiasmo do povo que se manifestou nas urnas, nas redes e nas ruas em busca de uma nova forma de fazer política, com ética, transparência e respeito às instituições democráticas e aos princípios republicanos, que nos estimula a permanecer unidos neste movimento de resistência às investidas totalitárias e à tomada de assalto do Estado (da cidade, do país).
"Vamos falar sobre São Paulo?" foi uma frase emblemática da campanha de 2012, dita na entrevista de um candidato a prefeito ao apresentador César Tralli, no SPTV da Rede Globo, que sintetiza aquilo que a maioria da população deseja: discutir soluções para os inúmeros problemas do nosso cotidiano.
O que buscamos neste momento é justamente reunir partidos, lideranças políticas e comunitárias para debater a cidade pós-Haddad. Vamos mudar São Paulo aglutinando todas as forças da sociedade no combate ao desgoverno e ao aparelhamento típicos do PT, que paulistas e paulistanos já começaram a escorraçar democraticamente no voto.
O convite é aberto a eleitores, partidos e apoiadores dos candidatos que se opuseram ao PT nas eleições presidenciais de 2014 (Aécio Neves, Marina Silva, Pastor Everaldo, Eduardo Jorge), nas eleições ao Governo do Estado (Geraldo Alckmin, Paulo Skaf, Gilberto Natalini, Laércio Benko) e à Prefeitura de São Paulo em 2012 (José Serra, Celso Russomanno, Gabriel Chalita, Soninha Francine, Paulinho da Força), entre outros.
Vamos falar sobre São Paulo, a cidade escondida sob um falso espetáculo de progresso e gigantismo, quando na verdade é uma metrópole desgovernada e mal planejada, entregue a ações cosméticas e gambiarras, centro principal da fragilidade administrativa, social, econômica e da degradação urbana, moral e política.
São Paulo não pode permanecer nas mãos de aventureiros que seguem destruindo e descaracterizando ruas, bairros, parques e praças. Queremos conscientizar e mobilizar os paulistanos para a criação e a manutenção de um ambiente social saudável, revitalizando o espaço público com planejamento e responsabilidade.
Por isso fazemos este chamamento para o debate programático e a construção de uma cidade mais humana, justa, ética, solidária e sustentável. Uma cidade com políticas públicas e parcerias sociais que possibilitem mais rapidamente a inserção dos excluídos, a radicalização da democracia, a plena transparência dos poderes e a construção mais sólida e eficaz das bases da cidadania.