Artigo de Carlos Fernandes (PPS/SP) |
Se existe um problema que atinge em cheio as famílias de mais baixa renda - aquelas que o marketing eleitoral do PT garante que são prioridade absoluta dos seus governos - é a falta de vagas em creches e escolas infantis.
Temos à frente da Prefeitura de São Paulo um ex-ministro da Educação que, ao lado da "presidenta" que agora posa de vovó zelosa (depois do fracasso da fase de gerentona e mãe do PAC), jura de pés juntos que está se mexendo como pode para atender a demanda represada e crescente.
Não é o que percebe a população paulistana. Enquanto o prefeito e o secretário da Educação, Cesar Callegari, fazem malabarismo para justificar o injustificável, mais de 160 mil mães seguem na fila para matricular seus filhos. O argumento repetido, além do mantra da falta de verbas, é também a dificuldade de encontrar áreas públicas que possam receber esses equipamentos.
Mas, se não bastasse a incompetência da Prefeitura, estão armadas bombas-relógio para estourar no próximo ano. Não é à toa que o Simpeem (Sindicato dos Profissionais em Educação no Município), presidido pelo sempre atuante Claudio Fonseca, vem protestando contra o prefeito e o secretário.
Professores e gestores de CEIs e EMEIs querem a revogação da Portaria nº 6.123, que permite, por exemplo, a Secretaria da Educação encaminhar crianças do "Berçário 1", com idade de um mês até um ano e um mês, da rede direta para os CEIs conveniados, queimando a etapa do "Berçário 2", imprescindível para o seu desenvolvimento.
De acordo com Claudio Fonseca, essa portaria prejudica as crianças e os profissionais de Educação, precarizando o processo de ensino/aprendizagem, além de não resolver os problemas já existentes e contrariar o que tinha sido negociado durante a greve deste ano, inclusive por superlotar as salas.
Nas primeiras audiências públicas para discutir o Orçamento de 2015, a falta de vagas em creches permanece como uma das maiores reclamações dos cidadãos paulistanos. Estão reservados para a pasta da Educação R$ 10 bilhões no próximo ano, ou 7% a mais que em 2014. Será suficiente para atender a necessidade das mães paulistanas?
Segundo dados oficiais da Secretaria da Educação, foram criadas 25 mil novas vagas em creches neste ano. Mantida essa média de atendimento - sem contar o aumento da procura por creches todos os anos - a gestão Haddad levaria cerca de 7 anos apenas para atender as mães que já estão nas filas. É um absurdo surreal!
Ainda pelos dados do município, crianças que nasceram em 2012 são as que passam mais tempo na fila das creches. Na faixa etária de um ano e dez meses a dois anos e nove meses, as mães enfrentam uma espera de pelo menos quatro meses e meio.
A Prefeitura promete a construção de 243 novas creches até o fim de 2016. Destas, 172 devem ser construídas por meio de convênio com o MEC (Ministério da Educação). Você acredita?
Enquanto isso, Haddad vive de factóides. O último - entre grafitagens bizarras do Pato Donald e passeios de bicicleta nas ciclovias que rasgam a cidade sem nenhum planejamento - foi anunciar que a maior parte do dinheiro desviado por Paulo Maluf em obras superfaturadas, e que deve ser devolvido pelo Deutsche Bank, será usado na construção de creches.
Oh! Que prefeito prendado este Haddad! Ele só esqueceu de dizer que Maluf é aliado preferencial do PT e não sofreu uma só punição durante os 12 anos dos governos Lula e Dilma. Pior: os métodos malufistas prosseguem na Prefeitura do PT, do loteamento político das subprefeituras até a gangsterização do transporte público. Mas isso é assunto para outro artigo.
Carlos Fernandes foi subprefeito da Lapa e preside o PPS paulistano.