Felipe Patury
A ex-vereadora Soninha Francine (PPS) disputará pela segunda vez a capital paulista. Ainda sem apoio entre os demais partidos, a ex-subprefeita da Lapa na gestão de Gilberto Kassab (PSD) conta como pretende se tornar a terceira via na disputa pela capital paulista. “Vou expor o máximo de informação e chamar para a internet, para compensar essa falta de tempo”, disse, ao jornalista Marcelo Osakabe.
Por que a senhora disputará novamente a prefeitura? Decidi que quero ficar no setor público. Sempre gostei de política e militância, mas também exercia uma outra atividade profissional. Em 2004, decidi inverter o peso das coisas e me candidatei à vereadora. Agora, quero estar no Executivo. E o cargo que mais me atrai é o de chefe do Executivo. Quero ser prefeita de São Paulo.
Querer é poder? Olha, pude conhecer muita coisa sendo repórter, mediadora de debates, voluntária em favela, militante, vereadora e subprefeita. Conheço a cidade porque a uso. Sou pedestre, motorista, passageira de ônibus e metrô, usuária de SUS. Não me conformo com coisas que não funcionam. Eu me irrito vendo o que São Paulo não tem e que poderia ter. A cidade tem recursos e conhecimento, mas continua sofrendo por problemas que dá para resolver.
Quais? A burrice básica do sistema de saúde. Você precisa passar tanto pela AMA e pela UBS para chegar a um médico especialista. Isso demora uns cinco meses. Outra burrice está no transporte. O inchaço de pessoas no transporte público acontece também porque elas precisam se deslocar longas distâncias até o trabalho. Se elas não precisassem atravessar a cidade, a vida delas seria absurdamente melhor. Isso tem influência sobre todo o resto, números de vagas em creches e postos de saúde necessários, qualidade do ar, tempo de repouso e lazer. Não tem como melhorar a cidade se não resolver esse abismo.
E como fazer isso? Com ação decisiva do poder público. Investir em moradia decente no centro, onde os serviços já são mais presentes, e em oportunidades de trabalhos em regiões da periferia, onde mora mais gente. Já existe lei, mas precisa aplicar. Uma empresa de telemarketing que gera mais postos de trabalho não precisa estar na região central.
O que você acha da administração Kassab? Tem pontos positivos na Educação e Meio Ambiente. De negativo, a gestão em subprefeitura. Ela é massacrada por todos os problemas, mas não tem poder nenhum. Nessa gestão, menos ainda. E falo com bastante conhecimento de causa.
A senhora coordenou o site da campanha de José Serra (PSDB). Acha que a internet pode ter um papel relevante na campanha para São Paulo? Menos do que costumam acreditar. Acho que a internet pode fazer uma grande diferença é sobre os cabos eleitorais. Para essas pessoas que estão interessadas a ponto de querer se engajar no processo eleitoral, a internet fornece conteúdo ilimitado. Mas só funciona se elas já estiverem interessadas.
Você já conversou com outros partidos? Mesmo achando improvável, a gente faz questão de se aproximar de quem temos afinidade. Gostaria de ter o Eduardo Jorge (PV) com a gente e a Luiza Erundina (PSB) também.
A senhora é bastante próxima ao ex-governador José Serra. Apoiaria um candidato dele? Somente se coincidisse com o candidato que eu apoiasse. Nunca apoiaria um Guilherme Afif Domingos (PSD), por exemplo. Reconheço algumas de suas qualidades, mas a visão e proposta dele são completamente diferentes das minhas.
Marcelo Osakabe