quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Dia de obscurantismo na Câmara de São Paulo: o vídeo do pai indignado com a professora que afirmou que menino pode usar brinco, saia e pintar a unha



No dia em que discursos politizados repercutiram o incêndio que destruiu o Museu Nacional no Rio de Janeiro, a maior polêmica da sessão da Câmara Municipal de São Paulo nesta terça-feira, 4 de setembro, acabou sendo outra: um vídeo amplamente divulgado nas redes sociais (compartilhado inclusive pelo presidenciável Jair Bolsonaro), com o pai de uma menina de quatro anos, supostamente indignado com a professora que teria afirmado na sala de aula que meninos podem usar brinco, saia e pintar as unhas.

Na presença do pai que divulgou o vídeo que viralizou nas redes sociais, a vereadora Rute Costa, líder da bancada do PSD na Câmara e de família tradicional evangélica, fez em plenário um pronunciamento indignado contra a professora (que é identificada no vídeo e vem sofrendo ameaças na internet) e denunciando aquilo que se convencionou chamar de ideologia de gênero.

A parlamentar é filha caçula do pastor José Wellington da Costa, que comanda mundialmente a Igreja Assembleia de Deus (Ministério Belém); irmã da ex-vereadora por três mandatos e candidata à reeleição como deputada estadual Marta Costa; do pastor José Wellington Júnior, vice-presidente das Assembleias de Deus; do pastor e deputado federal Paulo Freire; do pastor Samuel Freire, que preside a Igreja Assembleia de Deus em São Bernardo; e do pastor Joel Freire da Costa, missionário nos Estados Unidos.

Houve o contraponto do vereador Claudio Fonseca, que é professor, líder do PPS e presidente do Sindicato dos Profissionais em Educação no Ensino Municipal de São Paulo (Sinpeem). O debate prosseguiu com a participação dos dois vereadores mais jovens da Câmara, ambos em primeiro mandado e com posições antagônicas: Fernando Holiday (DEM) e Sâmia Bomfim (PSOL). Encerrou-se com uma tréplica da vereadora Rute Costa e o desfecho tipicamente conservador do vereador Conte Lopes, ironicamente do partido denominado Progressistas (ex-PP).

Enfim, já que o assunto é Educação, reproduzimos aqui a definição do termo "obscurantismo" tirada do livro de um estudante do 1º grau:
"Obscurantismo significa estado de quem se encontra na escuridão, de quem vive na ignorância. É, a nível social, político e cultural, o sistema que nega a instrução e o conhecimento às pessoas com a consequente ausência de progresso intelectual ou material.
Os Estados totalitários e as grandes religiões na luta pelo poder recorreram, muitas vezes, a práticas obscurantistas, sacrificando os povos e o progresso civilizacional. São muitos os exemplos que a História nos oferece e que levaram a perseguições e outros crimes para preservar o estado de ignorância e facilitar o poder das instituições. O fanatismo religioso ao longo dos tempos, a Inquisição, as guerras étnicas, diversas ditaduras e muitas outras práticas totalitárias são exemplo do obscurantismo. 
A Idade Média, por exemplo, é definida por alguns historiadores como ´idade das trevas´, com o conhecimento detido pela Igreja. Os principais representantes do Renascimento afirmavam-se críticos do ´obscurantismo´medieval, numa atitude de contestação à influência da religião na cultura e no pensamento ocidental."
Para a sua própria avaliação e reflexão, o #ProgramaDiferente apresenta a íntegra do debate travado na Câmara Municipal de São Paulo sobre o polêmico vídeo do pai indignado com a professora que teria admitido em sala de aula a possibilidade de meninos usarem brinco, saia e pintarem as unhas. Até então, foi omitido o contexto. Pelo que se sabe, há o caso concreto de um menino sofrendo bullying na escola. Daí o questionamento e o problema colocado para as crianças. O que você faria? Assista.


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