terça-feira, 4 de setembro de 2018

Que rumos tomam a eleição após cinco dias de TV?



São cinco dias de propaganda oficial dos candidatos na TV e já dá para traçar um prognóstico do que virá pelo próximo mês adentro: o tucano Geraldo Alckmin, com tempo de sobra, tem espaço para falar bem dele e criticar os adversários. O ataque mais pesado, nesta reta inicial, é contra Jair Bolsonaro. A peça chave dessa primeira fase da campanha é a exposição do tratamento machista, misógino, boçal e truculento do presidenciável do PSL, na esperança de virar o voto bolsonarista e impedir o crescimento dele entre os indecisos. Assista.

A propaganda petista segue em crise de identidade: ainda apresenta Fernando Haddad como "vice" de uma chapa sem cabeça. Sobrevive às custas do fantasma de Lula, que assombra os adversários com uma intenção de voto elevadíssima apesar da prisão e da condenação na Justiça em segunda instância, que lhe custou a impugnação da candidatura. De resto, todo candidato petista bebe na fonte do seu santo milagreiro. Resta esperar o resultado desta fé cega.

Com bem menos tempo que Alckmin e Haddad, mais ainda assim uma imensidão se compararmos com os 7 segundos de Jair Bolsonaro, os candidatos Ciro Gomes e Marina Silva se esforçam na tentativa de quebrar as duas polarizações que dominam as eleições de 2018: primeiro, a tradicional, de PT x PSDB; e, em segundo, de Bolsonaro contra todos. Não é tarefa fácil. A candidata da Rede tem se saído bem ao demonstrar força e desmistificar a imagem de "mulher frágil" que os adversários tentavam atribuir a ela. O candidato do PDT, por sua vez, apela para propostas populistas como limpar o nome de todo brasileiro endividado. Vai que cola...

A próxima semana terá necessariamente um rearranjo estratégico: o PT vai ter que abandonar a dubiedade do discurso, apresentando objetivamente a nova chapa com Haddad presidente e Manuela vice, ainda que siga tratando Lula como uma entidade divina e multiplicadora de votos.

Por outro lado, Alckmin deve intensificar os ataques ao PT e reforçar a tentativa de desconstrução de Haddad. Tempo e informação para isso, não faltam. Resta descobrir o efeito da chamada "propaganda negativa", com críticas duras ao adversário, na intenção de voto do eleitorado. É uma aposta de risco. Às vezes, o tiro é certeiro; outras vezes, a bala ricocheteia e volta na direção de quem atira. Vamos aguardar para ver.