quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Cracolândia: Uma realidade paralela que pede ajuda

Carlos Fernandes
Presidente municipal do PPS/SP

Um tema que ultimamente tem se debatido bastante é a Cracolândia. A ação do Governo do Estado, Prefeitura de São Paulo e da Polícia Militar que teve início na terça-feira da semana passada(3/1), tem como principal objetivo tentar acabar com os “nóias” que ficam na região central da cidade, mais precisamente no perímetro da Avenida Rio Branco, Duque de Caxias, Cásper Libero, Ipiranga e Rua Mauá.

Em entrevista, a PM contou que o objetivo inicial é coibir o tráfico para depois conseguir abrir espaço para o trabalho de assistentes sociais. Como a região é uma problemática constante não existe nenhuma previsão de término e sim um trabalho contínuo a ser realizado.

A ação que recebeu o nome de “Ação Integrada Centro Legal” já abordou cerca de 1.500 pessoas com mais de 40 delas presas por diversos delitos, desde fugitivos da policia a traficantes de drogas. Mas no aspecto internação e recuperação os números são insignificantes, infelizmente.

Apesar da ação da PM naquele local ser extremamente necessária e há muito tempo solicitada não só pela população local mas por toda cidade de São Paulo, o que gostaríamos de verdade é que as noticias da Cracolândia fossem sobre a recuperação das pessoas que vivem lá, elevando assim a auto-estima de todos os envolvidos e principalmente dos moradores da região que se sentiriam muito mais seguros.

É fundamental não só tirar essas pessoas de lá, como dar tratamento a esses dependentes químicos. Isso é um caso de saúde também, não só de policia. O trabalho de acompanhamento social e educacional é necessário para recuperar essas pessoas com urgência. São pessoas desprovidas e desprotegidas que precisam do poder público para que possam sair desta situação da forma mais decente e saudável possível.

Como diz o ditado, se nos é dado um limão devemos fazer uma limonada e quem sabe não seja agora a hora da sociedade despertar para esta situação e finalmente enfrentá-la!? Para que tudo isso seja possível, é preciso mais do que tudo, que todos os governos municipal, estadual e federal somem esforços, sem se preocupar com quem fatura mais ou menos politicamente, sem se preocupar por exemplo se o veículo vai ter o adesivo de um ou de outro.

A sociedade civil também deve se lembrar que não é hora de apenas cobrar o poder público por mudanças, mas sim de fazer parte do grupo que poderá proporcionar a essas pessoas, hoje sem nenhuma estrutura de apoio e desprovidades de toda e qualquer autoestima ou esperança, um acompanhamento clínico, social e educacional.

Certamente não será uma tarefa fácil, mas tenho absoluta certeza de que este desafio é daqueles que vale a pena.


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