O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, está naquela situação política que pode ser comparada ao "olho do furacão". Tenta agora manter a imagem de bom moço da campanha eleitoral ao adotar um personagem inverossímil de caçador de corruptos, quando só ele não enxerga os corruPTos que o cercam.
Nesta terça-feira, pela quinta vez, o nome do secretário de Governo e seu ex-coordenador de campanha, Antonio Donato, aparece vinculado aos fiscais presos, causando o seu afastamento. Para deixar claro: até prova em contrário, Donato é inocente. Mas não é o primeiro nome citado do PT, nem será o último, certamente.
O curioso é que os indícios de corrupção deste esquema recém-desvendado de fraudes no ISS e possivelmente no IPTU (para não citar outros e desviar o foco) remontam ao ano de 2002.
Ou seja, este esquema específico da Secretaria de Finanças viria desde a administração da prefeita Marta Suplicy, com um agravante: quem era o chefe de gabinete ou adjunto daquela Secretaria, naquele governo? Bingo! O próprio Haddad!
O que a cidade de São Paulo espera e merece de uma gestão verdadeiramente séria é que a apuração das atuais denúncias seja rigorosa e não sofra interrupção por interesses eleitorais e intervenções políticas.
No momento em que Haddad denuncia o "descalabro" da gestão anterior, e recebe uma resposta do antecessor (e até então aliado) Gilberto Kassab nos mesmos termos, a probabilidade de que ambos tenham razão é bastante significativa.
Vamos acompanhar se o prefeito vai recuar: ele já afirmou que a corrupção é "sistêmica" e que há inúmeros outros focos instalados e empoderados na Prefeitura. Citou nominalmente, por exemplo, as Secretarias do Verde, do Trabalho, da Habitação e das Subprefeituras.
As atuais denúncias - nem contamos ainda o que está por vir - já atingem áreas de atuação de seu próprio partido, além de aliados do PMDB, PV, PP, PR, PDT... Onde isso vai parar? Vão prevalecer os interesses da população que reivindica uma administração com mais ética, eficácia e transparência? Ou será que tudo vai retroceder pelo instinto de sobrevivência política dos atuais inquilinos do poder?
Eis o teste de fogo do "filho do Khalil e da Norma", como o próprio Fernando Haddad se expressou para dizer que sua consciência e seus princípios estão acima dos interesses políticos e partidários. É a chance de superar a ruindade desses 10 meses iniciais de governo. Veremos...
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