Por mais que se esforce para passar a imagem de que a administração está sob controle, o prefeito Fernando Haddad (PT) não convence mais ninguém: encurralado por sua própria base de apoio na Câmara Municipal e por boa parte do eleitorado que o elegeu há um ano, o petista começa a semana com dois tiros no pé: o aumento abusivo do IPTU e o escândalo de corrupção na Prefeitura.
O prefeito errou feio o alvo e acabou atingindo a si próprio. Sobre o aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano, conseguiu desagradar 9 entre 10 eleitores paulistanos, segundo pesquisa Datafolha, além da quase totalidade de organizações da sociedade civil (associações de moradores, sindicatos, entidades de classe, associação comercial, imprensa, partidos políticos etc.).
Tudo porque o IPTU de 2014 foi votado no atropelo, com índices muito acima da inflação e que certamente vão pesar no bolso dos cidadãos (sejam eles proprietários de imóveis, inquilinos ou consumidores, que terão o aumento repassado no preço dos produtos e serviços). Manifestações estão marcadas para esta terça-feira, dia 5. O Ministério Público também se movimenta.
Sobre o escândalo de corrupção que já resultou na prisão de funcionários de confiança da Prefeitura de São Paulo, Haddad tentou primeiro vender a imagem de "xerife", jogando toda a culpa para o antecessor, o ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD). Mas a ação de marketing durou pouco: está provado que a sua gestão, além de manter no cargo ou até promover os suspeitos de corrupção, também teve relação direta com o esquema. O que ainda não significa nenhuma "culpa", mas começam a surgir os primeiros nomes de políticos envolvidos.
Resta saber como se darão os desdobramentos das investigações: vão ficar na superficialidade do problema, punindo apenas funcionários de segundo escalão, ou vão aprofundar a apuração do esquema que, calcula-se, desviou pelo menos R$ 500 milhões dos cofres públicos?