Gilberto Dimenstein,
na Folha Online
Como é uma medida de alto impacto, especialmente na classe média, o pedágio urbano foi demonizado na campanha eleitoral paulistana. Chega-se a dizer que esse recurso, imagine, ataca os pobres. Perde-se uma chance, por falta de grandeza dos candidatos, de colocar com transparência uma medida que, mais cedo ou tarde, a cidade terá de tomar - e quanto mais tarde, pior. Até porque o pedágio está cada vez mais caro.
É fácil entender o pedágio quando se mede quanto um motorista gasta a mais por causa dos congestionamentos. Ou quanto se paga nos escorchantes estacionamentos. Ou até no pedágio diário aos flanelinhas.
Paga-se também pedágio nas horas paradas no trânsito, o que significa menor produtividade que se traduz em menos dinheiro no bolso.
Olhando o número de caminhões e automóveis licenciados mensalmente na cidade, constatamos rapidamente que a situação só tende a piorar; são 900 caminhões novos todos os meses. Uma série de cidades tem optado por esses recursos (e com boa aceitação) porque, ao mesmo tempo em que se tira o carro da rua, aumenta-se a arrecadação para aprimorar os transportes públicos - isso sim beneficia o pobre.
Estamos perdendo uma chance de lançar uma proposta para a sociedade e, pior correndo o risco de lançar a medida quando já tivermos quase nenhuma alternativa. Enquanto isso, os desinformados vãos pagando cada vez mais o pedágio.
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Para não ser injusto, tenho de reconhecer que pela menos um candidato (Soninha) teve a ousadia de propor a discussão do pedágio urbano. Apenas esse gesto já valeu sua participação na eleição.
Gilberto Dimenstein, 48, é membro do Conselho Editorial da Folha e criador da ONG Cidade Escola Aprendiz. Coordena o site de jornalismo comunitário da Folha. Escreve para a Folha Online às segundas-feiras.