quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Presidente de honra do PPS/SP lança primeiro livro

O jornalista Moacir Longo, 78 anos, presidente de honra do PPS/SP, lança na próxima segunda-feira, 11 de agosto, às 19h, o livro "Brasil - Os descaminhos do país das terras achadas", na Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Avenida Paulista, 2073).

Após quase seis décadas de atuação política, Moacir Longo faz uma “leitura política diferente da história contada”, segundo ele mesmo afirma. “Trata-se da reflexão de um jornalista e militante político sobre o processo histórico brasileiro, procurando o fio condutor e os traços marcantes que vão se repetindo , assinalando os descaminhos trilhados e que têm levado o país a marcar passo em seu desenvolvimento socioeconômico.”

Sobre o autor

“Antes de mais nada, declaro que sou um marxista.” A afirmação, em tom quase irônico, resume a personalidade e a trajetória de vida de um homem que ainda acredita no sonho. Mais do que isso: acredita que é possível transformar o sonho em realidade e o mundo em um lugar bom para se viver.

Típico brasileiro descendente de imigrantes italianos e espanhóis, Moacir Longo nasceu em maio de 1930, no município de Taquaritinga, interior de São Paulo. Em 1945, aos 15 anos, aportou na capital paulista com a família e instalou-se no então bairro operário do Ipiranga. Naquele ano, ao mesmo tempo em que ingressava no mercado de trabalho, como aprendiz em uma indústria têxtil, fez sua primeira incursão na política nacional, participando da campanha do candidato à presidência da República, pelo Partido Comunista, Yedo Fiuza.

Em outubro de 1946, ainda no clima de comemoração e alívio pelo fim da Segunda Guerra Mundial, filiou-se oficialmente ao PCB, então na legalidade. Empregado em uma metalúrgica, foi encaminhado ao curso profissionalizante do Senai de ajustador mecânico. No entanto, em função de uma greve, foi demitido e não pôde terminar o curso.

A partir de 1950, com o PCB na clandestinidade, seus militantes não abandonaram a causa. Muito pelo contrário: era necessário redobrar o trabalho. Foi assim com Longo que, eleito dirigente do diretório distrital do Ipiranga, passou a atuar integralmente na política. No entanto, foi nessa época que outra vocação floresceu em sua vida: autodidata muito articulado e coerente, colaborava com matérias, como repórter, para os jornais do partido, entre eles, O Sol, Notícias de Hoje e A Voz Operária.

Em 1951, aos 21 anos, foi designado para reestruturar a União da Juventude Comunista, assumindo a presidência da entidade e intensificando sua atuação no jornalismo. No início da década de 60, por questões financeiras, o PCB é obrigado a reformular suas publicações, cancelando os jornais diários e passando a publicar o semanário Novos Rumos, que conta com o jovem jornalista, já profissionalizado, Moacir Longo.

Em 1963, aos 33 anos, Longo é eleito vereador em São Paulo. Entretanto, como outros tantos, é cassado pelo Golpe Militar e obrigado a viver na clandestinidade. Passa, então, a trabalhar como free lancer em algumas publicações, mas não abandona a política. Em 1969, casa-se com Leda Rosa dos Santos, sobrinha da lendária Lucília Rosa, uma militante dos movimentos populares e feministas, na região do Triângulo Mineiro. Em setembro de 1970, nasce sua primeira filha, Laelya.

Com o acirramento da repressão no governo Médici, Longo é preso no início de 1972, ano em que nasce sua segunda filha, Denise. São dois anos e meio no inferno da ditadura, ao lado de muitos companheiros e de dezenas de livros. A pintura e a poesia fluíam de dentro da cela, buscando preservar a esperança e a alegria de viver. Libertado em 1974, intensifica seu trabalho como jornalista, atuando nas revistas Construção e Metrô, e na seqüência nos diários Correio do Povo, de Guarulhos, O Comércio do Jaú, em Jaú, e Jornal de Hoje, em Campinas, onde fez dupla com José Hamilton Ribeiro. Voltando à Capital, ficou um tempo na Folha de São Paulo.

A década de 80 marcou a volta da atuação política à luz da legalidade, sendo que, em 1984, foi assessor parlamentar do deputado estadual pelo PCB, Antonio Resk. Nos anos 90, passa a dar consultoria e assessorar entidade sindical e a dedicar-se à coordenação de publicações, paralelamente ao trabalho de reestruturação do ex-Partidão que, com a queda do Muro de Berlim, teve de se reinventar. A transformação deu origem ao PPS – Partido Popular Socialista.

Em 2006, já aos 76 anos, depois de muita insistência da família, finalmente se aposenta e dedica-se a seu primeiro livro solo, "Brasil – Os descaminhos do país das terras achadas", publicado agora pela Fundação Astrojildo Pereira, de Brasília.