quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Cosa Nostra: Começa campanha de Haddad em SP

Com toda a pompa (e o uso indevido da máquina governamental), enfim a "famiglia" petista lançou oficialmente a campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo, com direito à presença do chefão Lula e até do padrinho José Sarney.

Não deixa de ser irônico o anúncio de um "lançamento oficial", quando a legislação eleitoral proíbe e o TSE pune a propaganda eleitoral antecipada antes da realização das convenções partidárias no mês de julho, que oficializam as candidaturas e dão início ao prazo legal de campanha.

Mas o que é a lei diante da ânsia e da necessidade petista de fazer Haddad, o homem-traço de Lula, subir nas pesquisas de intenção de voto, né?

A presidente Dilma Roussef entrou declaradamente na campanha, em dois eventos festivos criados pelos marqueteiros, por dois dias seguidos, com direito à transmissão ao vivo da TV Brasil, discursos emocionados, fotos oficiais e todos os indícios do atropelo que virá por aí da máquina pública contra o "resto" (os pobres mortais que se candidatarem à Prefeitura de São Paulo contra o ungido de Lula).

O primeiro ato

(artigo de Igor Gielow na Folha de S. Paulo)

BRASÍLIA - A cena no Planalto ontem era toda simbolismo, um mar de poderosos e acólitos em concentração há muito não vista em Brasília.

Sob tratamento contra o câncer, Lula jogou no sacrifício e abriu ala sob ovação, incorporando uma versão tropicalizada do Marlon Brando sendo adulado em "O Poderoso Chefão". Dilma resignou-se por um momento ao antigo papel de sombra.

A saída de Fernando Haddad e a posse de Aloizio Mercadante marcaram mais do que uma transição no Ministério da Educação. Transmutaram-se no primeiro ato público da pretensa etapa final do projeto lulista de hegemonia política: conquistar, enfim, São Paulo, capital e Estado.

Lula inventou uma candidatura viável para Haddad, que, no mínimo, irá se tornar conhecido. Terá Dilma a defendê-lo como ontem e falta-lhe oposição hoje, mas a ausência de Marta Suplicy na posse é reveladora do que o espera em casa.

Mas Mercadante chama mais atenção. Após anos como boi de piranha do lulismo, parece que finalmente a sorte lhe sorriu. Será? Sua nova estatura é capaz de vitaminar uma nova candidatura a governador em 2014, ainda mais se a capital voltar para o PT.

Repete assim o tucano José Serra, que também sempre quis comandar a economia sob FHC e se viu catapultado a uma forte pasta social visando um projeto eleitoral. Não deu certo, mas isso é outra história.

Em sua autoimportância, aliás, Mercadante sempre foi uma espécie de Serra do PT. Sua tese de doutorado, que em plural majestático enaltecia os anos Lula, é nota cômica disso -para não lembrar da "renúncia irrevogável" de um dia de 2009.

O plano está dado e terá de enfrentar a realidade em São Paulo, ao menos em nível estadual, um reduto tucano. Mercadante terá de lidar também com a nova geração lulista (Haddad e Alexandre Padilha), além de consertar os erros em série na aplicação do Enem. Não é pouco.


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