
Quando o PPS lançou a proposta de uma terceira via à Prefeitura São Paulo, com a candidatura alternativa, diferenciada e propositiva de
Soninha Francine - para atender parte considerável do eleitorado descontente com a polarização entre PT e PSDB, que acontece no cenário nacional e cuja tendência era se reproduzir na sucessão municipal - a idéia era repetir o que representou a candidatura de
Marina Silva na eleição presidencial de 2010 e seus quase 20 milhões de votos.
Até então, falava-se em prévias internas, tanto no PT quanto no PSDB, para a escolha dos candidatos de ambos. No PT a favorita era a senadora e ex-prefeita
Marta Suplicy, enquanto o PSDB se dividia entre
Andrea Matarazzo, Bruno Covas, Ricardo Trípoli e
Zé Aníbal, já que era dado como certo que
José Serra estava fora da disputa.
O cenário se inverteu completamente. No PT, prevaleceu
(ao menos por enquanto) a mão de ferro de
Lula na escolha do ministro
Fernando Haddad - atropelando os senadores
Marta e
Eduardo Suplicy, que pretendiam disputar a Prefeitura. Popularmente falando,
Marta ainda não digeriu o sapo que teve de engolir.
Os tucanos mantiveram a prévia, mesmo com a entrada de
Serra na disputa - uma sinalização positiva de respeito aos demais pré-candidatos, à militância e ao processo democrático que oxigena o PSDB e confronta a opção petista de enterrar as prévias
(logo o PT, que tanto se vangloriava de ouvir a militância).
Pois a proposta de terceira via
- comprovando a tese do PPS de que o eleitorado busca uma opção fora da polarização PT x PSDB - foi abraçada por TODOS os demais pré-candidatos lançados
(com a exceção óbvia dos próprios petistas e tucanos, que apostam na polarização):
Celso Russomanno (PRB),
Netinho de Paula (PCdoB),
Gabriel Chalita (PMDB) e
Paulinho da Força (PDT).
Tudo seria muito lógico e coerente - com a candidatura alternativa à polarização - se essa tese da terceira via não estivesse sendo desvirtuada pelo próprio consórcio
lulopetista, os partidos de sustentação ao governo
Dilma, diante do fracasso da aposta em
Fernando Haddad, estagnado em ínfimos 3% nas pesquisas.
Na realidade,
Russomanno, Chalita, Netinho e
Paulinho disputam o espólio do candidato natimorto
Haddad - dentro do raciocínio que
"qualquer" candidato do PT parte com 30% de votos. Ou seja, não representam uma alternativa real à polarização entre petistas e tucanos, mas simplesmente uma opção da própria base, que busca sobreviver ao eventual insucesso do ungido de
Lula.
Não por acaso, todos eles - os potenciais candidatos de PRB, PMDB, PCdoB e PDT, todos aquinhoados no ministério - escolheram como alvo principal o tucano
José Serra, líder nas pesquisas, e tentam desqualificar a candidatura de
Soninha Francine (PPS), como se fosse mera linha-auxiliar dos tucanos. Porque está se reproduzindo outra vez, por vias tortas, a polarização nacional entre PT, PSDB e os partidos aliados.
No fim das contas, a base petista quer mesmo é encontrar um nome viável para derrotar
José Serra. Que se unam nessa missão, mas não queiram, primeiro, chamar isso de terceira via; e, depois, envolver o PPS nesse lamaçal.
A candidatura de
Soninha Francine à Prefeitura de São Paulo está mantida pelo PPS. Essa é, de fato, a única alternativa para o eleitor que não pretende votar nem no PT, nem no PSDB. O resto é mais do mesmo.
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