DCI: Soninha admite pressão mas PPS manterá candidatura
Pré-candidata do PPS admitiu que o ex-governador José Serra fez consulta sobre manutenção de sua candidatura; Roberto Freire não cedeu
Anderson Passos (Jornal DCI)
A pré-candidata do PPS à Prefeitura de São Paulo, Sônia Francine, a Soninha, admitiu ontem que o pré-candidato tucano José Serra fez “uma consulta” ao PPS sobre a manutenção de sua candidatura na capital paulista. Em reunião com o presidente nacional da sigla, Roberto Freire, Serra ouviu que o aliado vai manter suas pretensões na capital.
“Até onde a gente soube, ele [Serra] conversou com o Roberto Freire, que é o presidente nacional do PPS, e não foi uma tentativa de persuasão. Foi uma consulta! ele perguntou para o Roberto Freire, acho que foi antes até da prévia: ‘Se eu for candidato o PPS vai manter a candidatura própria?’ E o Freire falou: ‘Vamos. Porque é muito importante, porque a gente está nessa construção [da candidatura] faz tempo’”.
Mais tarde, Soninha explicou que, como a eleição paulistana amplia seus efeitos no resto do País, o PPS não abriu mão da candidatura dela.
“A gente não cogita mesmo retirar a candidatura. Seria um cavalo-de-pau muito inesperado. Não vejo por que o PPS abriria mão da candidatura, que não é importante só pra mim, não é importante só para a cidade, não é importante só para o PPS municipal, mas é importante para o PPS nacional. A eleição de São Paulo reverbera no País inteiro e as pessoas começam a conhecer melhor quem é o PPS, como é que o PPS pensa, como é que o PPS faz a partir de uma candidatura própria em São Paulo”, justificou.
Soninha comentou ainda que encontra alguns quadros do PSDB que lhe perguntam se ela seria vice do ex-governador de São Paulo, mas disse que tem respondido não a esse assédio.
“É claro que muita gente no PSDB pensa nessa possibilidade. Normal, que pensem. Também tem gente pelo lado do PT, muita gente que ainda sonha com adesão dos outros pré-candidatos. Tudo bem que pensem. Mesmo que tentem fazer pressão não me incomoda nenhum pouco. Não tenho medo de pressão, mas tenho a certeza e a confiança no meu partido”, reforçou.
A ex-vereadora e ex-subprefeita da Lapa projetou ainda que todos os demais candidatos disputarão o segundo turno, uma vez que, na sua visão, o tucano José Serra já tem vaga garantida.
“Para mim só o que muda na perspectiva da nossa candidatura é que fica mais difícil acreditar que tem duas vagas no segundo turno. Pra mim esta era uma eleição muito mais imprevisível antes da entrada do Serra porque seria uma surpresa o Serra não ir para o segundo turno. A impressão que eu tenho é que estamos, todos os outros, disputando essa segunda vaga no segundo turno.”
Ela admitiu que a entrada do tucano torna mais difícil o projeto que ela tinha de se eleger prefeita de São Paulo nas eleições municipais desse ano.
“Eu quero muito ser prefeita. Eu acho que é muito improvável que eu seja agora, mas eu quero tentar assim mesmo, e eu preciso tentar muitas vezes até que chegue a minha vez”, projetou.
Agenda na Câmara
A pré-candidata foi recebida ontem pelo presidente e por lideranças partidárias na Câmara de Vereadores de São Paulo, que planeja realizar na segunda quinzena de abril ou primeira de maio uma espécie de sabatina com todos os pré-candidatos que estão colocados para a sucessão de Gilberto Kassab (PSD).
Comentando a iniciativa da Câmara, a candidata do PPS classificou como “a realização do papel do Parlamento, no período eleitoral inclusive porque o Parlamento não é só a Casa da produção legislativa no sentido de criar novos projetos, de avaliar os projetos do Executivo. Isso é superimportante, mas o Parlamento é onde se tem a possibilidade de discutir a cidade sem ter o compromisso do Executivo, que é de fazer tudo todo o dia. A Casa tem que pensar nos planos para o ano que vem, para os próximos quatro, para os próximos 40 anos. Então, quando chama os pré-candidatos a prefeito aqui, para mim está cumprindo a sua função mais nobre, que é parar, pensar e discutir”, opinou.
Durante a recepção dos líderes partidários na sala da presidência da Câmara, Soninha prometeu que, se eleita, vai se dispor a ir ao Legislativo discutir com os vereadores os projetos que pretende implantar na cidade para tentar reverter a perspectiva atual de que o Legislativo é apenas um poder que avaliza as iniciativas do Executivo.
Ela enumerou entre suas qualidades de pré-candidata o fato de ter sido vereadora e subprefeita — “uma experiência que todo o pré-candidato deveria ter” — e sua disposição para o diálogo, seja com o Legislativo, seja com a população.
Comentou ainda que vai dividir os créditos em relação aos projetos aprovados no Legislativo e disse que deseja trabalhar de outra forma a distribuição de emendas. “A nossa ideia é detectar quais são as demandas de cada região e sugerir ao vereador que coloque verba de sua emenda ali. Assim dividimos os créditos e a população vai ganhar com isso”, afirmou aos vereadores.
O próximo pré-candidato a ser recebido na Câmara deverá ser o peemedebista Gabriel Chalita. Celso Russomanno (PRB) e Paulinho da Força (PDT) ainda não participaram da agenda no Legislativo municipal.
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