terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Escassez de água, de bom senso e de transparência...

Alô! Alô! Senhores vereadores! Quer dizer então que a base de sustentação do prefeito Fernando Haddad já avisou que vai voltar ao trabalho nesta terça-feira (3 de fevereiro), após 45 dias de recesso, disposta a radicalizar na cobrança e no discurso de responsabilização do governo do Estado pela crise hídrica em São Paulo? É isso mesmo?

Parece que vão tentar (outra vez?) jogar toda a culpa da seca no governo Alckmin, pra ver se agora isso cola no eleitorado paulista (porque há três meses, na eleição estadual, não colou!).

Até os personagens são os mesmos. Os rejeitados nas urnas Alexandre Padilha e Eduardo Suplicy chegam para reforçar a gestão "ruinddad" do PT e orientar a bancada governista.

Que grande ideia, hein? Afinal, a ameaça da falta d´água é mesmo uma situação gravíssima! Isso ninguém, em sã consciência, discute. De fato, dá até desespero só de pensar na possibilidade de rodízio por cinco dias da semana, como foi aventado. Já pensou que absurdo? Um caos!

Mas aí a gente lê as notícias com mas isenção, sem o filtro partidário, e fica pensando: fala-se que estamos vivendo o maior período de estiagem das últimas décadas, problema que afeta o país inteiro. Quem diz isso, algum tucano? Não! É a própria presidente Dilma Roussef, que não por acaso promete investir bilhões de reais para garantir o abastecimento da população.

Seu ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, ex-governador do Amazonas (estado que integra a maior bacia hidrográfica do mundo), chegou a afirmar: “Deus é brasileiro e vai fazer chover para aliviar a situação dos reservatórios de água no Sudeste”.

Ou seja, enquanto o governo federal apela à divina providência para enfrentar a crise hídrica (e consequentemente energética), seus apoiadores em São Paulo tentam demonizar os tucanos para convencer a população de que a culpa toda é exclusividade da inoperância do governo Alckmin. Entendeu a jogada?

Mas com que legitimidade os vereadores vão ocupar a tribuna na abertura do novo ano legislativo, se eles próprios integram essa administração levada em banho-maria pelo péssimo prefeito Haddad, patrocinador da invasão de áreas de mananciais, engavetador da lei da política de mudanças climáticas na capital, carrasco da inspeção veicular e responsável pela entrega criminosa das áreas reservadas a parques em São Paulo para a especulação imobiliária?

Como vão falar da falta d´água e calar diante do apagão, se o racionamento será necessário para atender tanto a crise hídrica quanto a energética, e não vai poupar nenhuma instância de governo (municipal, estadual e federal)? Como os vereadores vão criticar a suposta falta de planejamento e bom senso da administração paulista diante de uma gestão paulistana que é toda ela marcada pelo mais reles improviso?

Vão cobrar a responsabilidade de preservar direitos do cidadão os seguidores destes governos petistas que desrespeitam até os mais elementares direitos trabalhistas, como o seguro-desemprego e a pensão por morte, entre outras conquistas democráticas e republicanas?

Ora, ora. Não vai ser o PT, que descumpre uma palavra por minuto e acaba de ser flagrado em pleno estelionato eleitoral para reeleger Dilma Roussef, quem vai posar de defensor dos interesses do povo e condenar o governo do PSDB por não admitir durante a campanha que haveria necessidade do rodízio no abastecimento de água a partir de 2015. Ambos usaram a mesma arma da omissão da verdade para não perderem votos.

Desmentindo as bravatas partidárias, a presidente Dilma e o ministro Eduardo Braga, em raro momento de sinceridade, explicam a crise com a falta de chuva por dois anos seguidos.

Em São Paulo, estão aí os dados que demonstram a extrema gravidade do problema: a capital tem o pior período de seca dos últimos 30 anos, pelo menos.


Sobre o futuro, enquanto petistas e tucanos se acusam mutuamente, o ministro peemedebista de Dilma reitera sua profissão de fé: “Deus é brasileiro, nós também temos que contar de que Ele vai trazer um pouco de umidade e um pouco de chuva para que a gente possa ter mais tranquilidade ainda.”

Pois é, senhores vereadores. Esse ano vai ser um "Deus nos acuda" em meio a tanta crise: hídrica, energética, ética, política, econômica... Só não se esqueçam que, apesar da estiagem, a água continua batendo na bunda dos políticos e dos partidos, sem exceção. Portanto, ou aprendemos a nadar num mar de verdades e de transparência, ou morreremos todos afogados no lamaçal da demagogia e da hipocrisia.

Façamos as nossas escolhas e encaremos as consequências.

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