A candidata à Prefeitura de São Paulo Soninha Francine, do PPS, foi entrevistada ao vivo nesta quinta-feira (23), no SPTV da noite, pelo apresentador Carlos Tramontina.
Veja aqui a entrevista. Abaixo, leia a transcrição das perguntas e respostas.
Carlos Tramontina: Boa noite, candidata.
Soninha Francine: Boa noite, Tramontina. Prazer estar aqui.
Carlos Tramontina: Muito obrigado. A senhora foi subprefeita no bairro da Lapa na gestão Kassab e deixou o cargo criticando a burocracia. Agora, como candidata, a senhora propõe criar postos avançados das subprefeituras nos 96 distritos da cidade. Isso não significa criar mais burocracia e aumentar a despesa?
Soninha Francine: Não, porque esses postos seriam principalmente como a praça de atendimento da subprefeitura. Uma subprefeitura é muito grande. A da Lapa, por exemplo, para quem conhece ali a região Oeste, começa na Avenida Pacaembu e termina em Osasco. E a sede da prefeitura fica no distrito Lapa, da subprefeitura.
Então qualquer um que precise resolver um problema referente a uma pendência com IPTU, tirar uma dúvida, dar entrada num processo precisa se deslocar até lá. Então criando novos postos de atendimento em cada um dos 96 distritos, e que esses lugares sejam não só lugares de prestação de serviço à população, mas pontos de encontro da população, para que a população seja informada do que a subprefeitura está fazendo, possa trazer suas reclamações também com mais facilidade e dar sugestões, Tramontina.
Porque as pessoas, conhecendo bem o lugar onde elas vivem, elas conseguem contribuir com a administração pública, e a gente não aproveita nem esse conhecimento que elas têm. Então é uma praça de atendimento e um ponto de encontro para conselhos de bairro, conselhos do distrito que se reúnam ali com frequência.
Carlos Tramontina: A senhora fala da implantação do pedágio urbano, ou seja, cobrar para permitir que os carros entrem no centro da cidade. Como seria a cobrança dessa taxa?
Soninha Francine: Olha, cocê delimita um perímetro na região central, onde as ruas são mais estreitas, onde você tem mais pedestres, onde você já tem mais alternativas de transporte coletivo do que, por exemplo, aqui no extremo Sul. E no horário semelhante ao do rodízio, mas o dia inteiro, digamos das 7h até as 20h, os carros que quiserem circular ali têm o direito de circular, desde que eles recolham o equivalente a uma tarifa, uma passagem de ônibus, por exemplo.
Então, qual é a vantagem disso? Nas cidades em que ele foi implantado, ele de fato diminuiu o congestionamento na região central. Porque os motoristas, assim como eles fazem hoje com o rodízio, eles se reprogramam, eles escolhem algum outro tipo de deslocamento. Até o táxi vai ficar mais barato no centro. Porque o táxi hoje fica preso no congestionamento.
Carlos Tramontina: Mas isso não vai prejudicar o mais pobre? Porque o motorista que tem dinheiro para o pedágio e continua a circular por todo canto. Quem não tem o dinheiro vai para o transporte público, que já está completamente superlotado.
Soninha Francine: Mas a própria arrecadação do pedágio urbano iria necessariamente para financiar o transporte coletivo, que precisa de mais recursos. Um terço das pessoas anda de carro, e ocupa 80% do espaço viário.
Então, quem está no carro, de um jeito ou de outro, já está ocupando a área que é de todo mundo, inclusive de quem não tem carro. Agora, o pedágio é uma das medidas possíveis, para desestimular o uso supérfluo do automóvel, onde ele pode ser substituído por outro meio de locomoção. Mas você pode ter também o rodízio ampliado que proíbe que a pessoa circule com seu carro um dia por semana ali na região central.
Carlos Tramontina: A senhora vê com bons olhos o pedágio urbano e fala também em aumentar os impostos para quem tem imóveis que são subaproveitados no centro da cidade. A senhora acha que a cidade precisa de mais impostos?
Soninha Francine: Não, mas essa é uma maneira de induzir o proprietário que tem terreno, que podia estar servindo para moradia popular, por exemplo, muito bem localizado, e ele deixa lá o terreno parado, esperando valorizar.
É o verdadeiro significado da especulação imobiliária. Isso não é nem uma proposta minha. É uma legislação que já existe. O plano diretor já previa essa aplicação do IPTU progressivo.
O proprietário não é obrigado a pagar o IPTU mais caro a cada ano, desde que ele dê ao seu imóvel uma utilização que atende não só ao interesse dele, mas ao interesse da cidade, do ponto de vista da política urbana. Já foi regulamentado isso, precisa ser aplicado. E se tiver cobrança do IPTU progressivo sobre esses imóveis, a gente também tem uma fonte de arrecadação para promover a justiça social. Se o proprietário der utilização do imóvel como deveria, então ele não paga o IPTU progressivo.
Carlos Tramontina: Para enfrentar o problema da falta de vagas nas creches a senhora diz que a prefeitura poderia pagar bolsas nas creches particulares e contratar mães crecheiras. E quem seria o responsável pelas crianças, a prefeitura?
Soninha Francine: A prefeitura. Porque hoje a mãe que não tem vaga no sistema público é problema dela encontrar uma escolinha, torcer para que dê certo, pagar a escolinha, deixar uma vizinha tomando conta e também torcer para que a vizinha tenha uma casa organizada, de acordo, saiba brincar com a criança de modo a estimular as suas habilidades. A Prefeitura tem de ficar...
Carlos Tramontina: 20 segundos para o seu tempo terminar...
Soninha Francine: (...) com essas duas responsabilidades. A mãe que hoje não tem creche no sistema público não pode depender do seu bolso e da sua preocupação. É a prefeitura quem tem de se ocupar disso.
Carlos Tramontina: Muito obrigado, candidata, pela presença aqui no SPTV. Muito boa noite.
Soninha Francine: Obrigada, até mais.