O sucesso da campanha presidencial de Marina Silva e a ensaiada debandada de seu grupo do PV, bem como as mudanças que ocorrem mundialmente nos partidos políticos, todos enfraquecidos e desacreditados, são frutos em grande medida da revolução implementada pelas redes sociais.
É evidente que a sociedade - e a juventude, principalmente - não se sente mais atraída ou representada pelos atuais partidos políticos. Hoje em dia a política não se faz necessariamente - e exclusivamente - pelos partidos.
Cada vez mais, a democracia deixa de ser representativa e passa a ser exercida de forma direta. Cada cidadão, uma voz. E a soma dessas vozes - muitas vezes de forma espontânea e livremente desorganizada - constrói uma nova realidade, que transpassa do mundo virtual para o mundo real instantaneamente, em questão de segundos (ou 140 toques no computador).
Os partidos continuam sendo instrumentos necessários para quem, atendendo as exigências da legislação vigente, pretende disputar uma eleição. Reunem ainda um número significativo de gente bem intencionada, preocupada com a coletividade e disposta a se organizar da forma tradicional, fazer valer seus direitos, chegar ao poder com visão republicana e transformar a sociedade de acordo com a vontade da maioria.
Mas a escassez de credibilidade dos partidos devido à infinidade de escândalos envolvendo políticos e a própria ineficácia e atuação errática das legendas afasta a maioria das pessoas da política-partidária e provoca verdadeira ojeriza aos cidadãos de bem.
Porém, nem todos que atuamos politicamente estamos resignados com a crise. A movimentação dos "marineiros" e a disposição radicalmente democrática do PPS, a partir de seus congressos internos, de promover uma "refundação" e se abrir para as redes sociais, demonstra que ainda há sinal de vida inteligente nos partidos. O que falta, talvez, é que os bons se unam e promovam as mudanças necessárias.
Leia também:
Fabio Feldmann: "A vida fora dos partidos políticos"
PPS reitera proposta de pacto com grupo de Marina
Como fazer política após a falência dos partidos?