terça-feira, 3 de novembro de 2009

Prós e contras dos chips nos automóveis de SP

A Prefeitura de São Paulo já anuncia para 2011 a intenção de instalar chips nos mais de 6 milhões de veículos emplacados na cidade. Entre os benefícios alegados, os chips podem substituir os radares e facilitar a orientação do trânsito. Verdade? Balela?

De acordo com o secretário municipal dos Transportes, Alexandre de Moraes, praticamente 100% dos cerca de 15 mil km de vias paulistanas serão mapeados com as antenas que captam os sinais dos chips. Hoje, apenas 8,5% das vias têm monitoramento e fiscalização.

"Com essas antenas, não haverá necessidade mais de instalação de novos radares, porque elas poderão funcionar como radares para velocidade, para leitura automática de placas, para determinar que numa determinada via naquele momento só possam passar caminhões", afirmou o secretário com seu estilo mezzo Kojak, mezzo Lex Luthor.

Reportagem da Folha mostra que o secretário citou como exemplo um problema qualquer de trânsito na marginal Tietê, que congestione a via. Se os técnicos acharem necessário isolar duas faixas apenas para caminhões, deixando as demais para os carros, a medida poderá ser feita automaticamente. Hoje, isso só é possível se houver uma reprogramação de todos os radares da marginal para identificar a irregularidade.

Moraes disse também que a tecnologia vai permitir que as blitze sejam feitas com menos interferência de trânsito.

"Hoje, quando tem uma blitz, há necessidade daquele afunilamento, de ir parando carro por carro. Esse sistema, já com uma distância razoável, vai apontar qual é o veículo que está irregular, seja irregularidade administrativa ou irregularidade penal, veículo furtado ou roubado", disse o secretário.

Segundo ele, não existe possibilidade de violação de sigilo com a nova tecnologia. "Não há a mínima possibilidade de o operador que verifica o tráfego de veículos saber instantaneamente qual é o proprietário daquele veículo. Há uma série de codificações. Esse é um ponto para a população ficar absolutamente tranquila."

Aí que a porca torce o rabo. Mentira! Pode-se sim descobrir o proprietário. Acabou a privacidade. Pode ser até mania de perseguição, mas imagine o poder que terá esse mapeamento de cada um dos 6 milhões de proprietários de veículos de São Paulo.

O prefeito ou a prefeita - seja lá quem for ele (ou ela) - poderá saber imediatamente onde estão localizados seus secretários, funcionários e até mesmo seus adversários políticos.

Essa transparência absoluta (concentrada nas mãos de poucos) será sinônimo de democracia? Ou vamos implantar o verdadeiro Big Brother na cidade de São Paulo, propiciando informação de mais a quem não merece tamanha confiança? A refletir...