O PPS quer Serra e Aécio na mesma chapa em 2010, disse o presidente do partido, Roberto Freire, em entrevista à TV Estadão, na tarde desta terça-feira (3).
O ex-senador afirmou que mesmo no seu partido não há consenso sobre qual dos dois governadores deve disputar a Presidência no próximo ano, mas ressaltou que o PSDB é a força política que melhor representa as mudanças na política econômica que o PPS defende, um motivo dos motivos pelo qual o partido rompeu com o governo Lula em 2004. “Eu mesmo defendo a candidatura de Serra; o presidente Itamar (vice-presidente do PPS) prefere Aécio. O ideal seriam os dois juntos”.
Assista aqui a entrevista.
Freire classificou o governo Lula de “frouxo” por não conseguir conter a especulação financeira e afirmou que a administração que ele empreende no Brasil é conservadora e reflete a vontade dos banqueiros e do setor financeiro.
“O Brasil voltou a ser um cassino”, disse. O PPS, observou, quer apresentar um novo projeto de Brasil. Durante a grande expansão da economia mundial – antes da crise –, lembrou, muitas economias cresceram acima da taxa mundial. Mas o Brasil foi uma exceção. Freire insistiu que todo ano 1,2 milhão de jovens chegam ao mercado de trabalho, mas como o governo não investe, e os índices de desemprego são “indecentes”.
O que é ser esquerda
Instado a definir o que é ser de esquerda na atualidade, Freire afirmou que, com o fim do socialismo real, uma frase de Karl Marx poderia definir o que dali em diante seria uma profunda mudança de paradigma: “tudo o que é sólido se desmancha no ar”.
Tudo o que as pessoas pensavam ser a esquerda virou passado, “mas a esquerda deve manter seus valores, de defesa da igualdade; a estatização da economia e a socialização dos meios e produção ficaram lá atrás, e os novos desafios são as questões ambientais, o acesso à sociedade do conhecimento a todos, as questões da mulher, da imigração, do conceito de raça, que cientificamente não existe”.
Lula e a esquerda
Ao ser questionado se Lula é um homem de esquerda, Freire disse que o ex-metalúrgico foi presidente do maior partido de esquerda do país. “Ele não é o melhor representante dela porque não tem a compreensão do que é ser de esquerda e nem se preocupou em estruturar esse pensamento”.
Já o governo capitaneado por Lula, analisa Freire, não é de esquerda. “Ao contrário, não imaginávamos um governo de esquerda fazendo isso (que ele faz), dar tantas benesses ao sistema financeiro”.
Para Freire, Lula adotou um programa de transferência de renda (“invenção dos neoliberais”) que tem uma funcionalidade extremamente conservadora, "que não muda a realidade; ao contrário, perpetua a situação; um programa que não significa a busca pela igualdade, até porque a primeira coisa que se tem de fazer para isso é ter coragem de mudar. O Bolsa Família mantém o status quo”.