O PT, que nunca teve muito escrúpulo na oposição, responsabilizava a gestão FHC pelo apagão que houve lá pelos idos de 1999. De fato, concluiu-se que houve falha gerencial, mas a pouca água nos reservatórios parecia mais "culpa" de São Pedro do que de D. Fernando. Mesmo assim, o PT detonou os tucanos e faturou eleitoralmente.
Dessa vez, o apagão ocorre sob os auspícios do governo Lula, em pleno esforço quase sobrenatural para fazer de Dilma Roussef, ex-ministra das Minas e Energia e atual "mãe do PAC", uma candidata palatável, simpática e boa gestora. Ruiu o discurso.
O governo FHC ficou marcado pelo apagão e pelo racionamento de energia. As campanhas municipais petistas em 2000 e a nacional em 2002 carimbaram na testa dos tucanos a imagem de incompetência administrativa.
Só que desta vez a culpa não pode nem ser dividida com São Pedro. O ministro sarneyzista Edison Lobão tentou jogar a culpa no santo, inventando uma tempestade que teria afetado as linhas de distribuição.
Mas as nuvens negras que ameaçam o governo lulista são outras. O novo blecaute, dez anos depois do apagão inaugural da era FHC, pode ter efeitos devastadores na onda pela sucessão de Lula, que até agora surfava apenas em notícias positivas.
A impressão de fragilidade do sistema elétrico brasileiro e a certeza da incompetência do governo do PT para produzir uma resposta crível e transparente já é um fato. Vejamos as consequências.
"Se ficar comprovada a incapacidade gerencial do governo Lula para prevenir o país desses apagões, as coisas ficam mais complicadas para a pré-candidata a presidente Dilma Rousseff. Aliás, Dilma começou no governo Lula como ministra de Minas e Energia. Hoje, na Casa Civil, comanda a execução da obras de infra-estrutura do país. Ficará prejudicada a imagem de boa gerente/administradora que ela sempre propagou para si própria", lembra o jornalista Fernando Rodrigues.
É isso! O governo Lula está na berlinda. Esperamos que o último a sair acenda a luz.