terça-feira, 2 de julho de 2013

CPI começa com nome de Haddad/Kassab na relatoria

Além de ser uma rima infeliz, a mistura entre as gestões de Kassab e Haddad aumenta a cada dia. Se não bastasse também a sensação de abandono da cidade provocada pela ausência dos prefeitos (marcas tanto do final da gestão de Fernando Kassab quanto do início de Gilberto Haddad... Ops!), o governismo do PSD kassabista fica cada vez mais evidente tanto em nível federal quanto municipal.

Leia: Vereadora da base de apoio de Haddad será relatora da CPI dos transportes

Com todas as manobras para aprovação de uma CPI "chapa-branca" contra a investigação isenta proposta por Ricardo Young (PPS), os movimentos sociais e outros vereadores de oposição, o que já garantiu ao governo o controle absoluto sobre a comissão formada com o propósito de "abrir a caixa-preta do transporte" (expressão rechaçada pela tropa-de-choque instalada na CPI), faltava definir qual vereador ocuparia a sua relatoria.  

Falava-se em Milton Leite (DEM) ou Dalton Silvano (PV), ambos preteridos, apesar de integrarem a tropa-de-choque de Haddad: enquanto o primeiro é declaradamente vinculado a empresas e/ou cooperativas concessionárias do transporte na zona sul, o segundo enfrentou resistência no seu próprio partido e acabou nem comparecendo a esta primeira reunião da CPI. Além disso, DEM e PV compõem também o governo estadual de Geraldo Alckmin (PSDB) e não parecem dispostos a abir mão dessa participação.  

Tanto o presidente quanto o relator são cargos fundamentais para o andamento de uma Comissão Parlamentar de Inquérito. Enquanto à presidência cabe conduzir todas as sessões e o processo de depoimentos, convites e convocações, dando maior celeridade ou "segurando" a divulgação de fatos de acordo com o interesse da maioria (no caso, amplamente governista), à relatoria caberá documentar e elaborar as conclusões de todo o trabalho realizado - e que pode obviamente ser mais contundente ou complacente.  

Ao entregar a relatoria para a vereadora Edir Sales, líder do PSD kassabista, indicam-se dois interesses conjugados: 1) Ela é tida como leal à dupla Kassab/Haddad, o que agrada de modo geral a base governista (basicamente a mesma nas duas gestões); e 2) O ex-prefeito Gilberto Kassab tem uma garantia a mais que não sofrerá maiores danos com as conclusões da CPI, o que poderia lhe render prejuízos eleitorais inestimáveis às vésperas de 2014, quando ele pretende disputar o Governo do Estado ou o Senado.  

Ou seja, se já sobravam indícios para a oposição afirmar que se trata de uma CPI "chapa-branca", a sessão desta terça-feira, 2 de julho, só veio confirmar a tendência. A próxima reunião está marcada para 19 de julho, ainda durante o recesso da Câmara paulistana.