sexta-feira, 26 de julho de 2013

Quem me representa? (Só que não)

O recado das manifestações nas ruas e nas redes foi claro: o brasileiro está saturado de políticos que aparecem de quatro em quatro anos para pedir o nosso voto, são eleitos, vão cuidar dos seus interesses pessoais e não nos representam!

A descrença na política e em todos os partidos, sem exceção, atingiu um índice recorde e não foi por acaso. Mas reaprendemos que mobilizados temos força para fazer valer os nossos direitos. Juntos podemos mais! E isso vale para qualquer reivindicação justa: transporte, saúde, educação, emprego, moradia, segurança... Em resumo, mais qualidade de vida!

Assim como não foram apenas os 20 centavos que levaram os cidadãos às ruas, temos que encontrar outras causas que possam ser cobradas diretamente dos políticos e faça-os sair das promessas e partir para a ação.

Aqui na região temos uma justíssima e emblemática reivindicação para toda a cidade: o Parque Verde da Mooca, que reúne todas as características necessárias para empolgar a população e gerar um benefício para a coletividade.

Afinal, podemos transformar em “pulmão verde” uma área de 100 mil metros quadrados encravada na Mooca, um dos bairros com menor índice de área verde por habitante, que foi explorada por uma gigante multinacional por 60 anos e deixada à vizinhança como herança maldita, totalmente contaminada, há mais de uma década.

Devemos cobrar de cada um dos 55 vereadores da cidade o compromisso por escrito para que legislem pela implantação do Parque no antigo terreno da Esso, bem como de todos os deputados vinculados à região e dos potenciais candidatos nas eleições de 2014. Se vêm aqui buscar o nosso voto, que dêem uma resposta concreta às nossas demandas sociais.

Também devem ser responsabilizados o prefeito Haddad e o secretário do Verde e Meio Ambiente, Ricardo Teixeira, oriundo da região. Que não se perca em promessas vazias a palavra de ambos, empenhada em campanha. Aliás, causa estranhamento a mudança de humor do prefeito, em tão pouco tempo: o candidato vibrante, que solucionaria todos os problemas com a parceria salvadora do governo federal, deu lugar a um gestor pessimista, que passou a considerar a cidade “ingovernável” e a administração “insolvente”.

Se não bastasse a crise financeira, outra ameaça à implantação do Parque (que demandaria a desapropriação da área) é a sua destinação a um empreendimento imobiliário de alto padrão. O que seria contraditório com recente decreto do prefeito, que proíbe a construção de imóveis de interesse social em alguns bairros, como a própria Mooca.

Ou seja, o prefeito vê razões para impedir habitações populares em regiões já muito adensadas ou que necessitam de preservação, mas o veto não vale para condomínios particulares de luxo? Pois nós afirmamos: essa área da Mooca precisa ser recuperada e devolvida à população, em nome da sustentabilidade, da qualidade de vida e do bem comum.

(Editorial do jornal Folha de Vila Prudente de 26 de julho de 2013, de autoria do jornalista Maurício Huertas, secretário de Comunicação do PPS/SP)