terça-feira, 25 de setembro de 2012

Soninha "congela" Haddad ao citar Lula e Mensalão



Os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo participaram nesta segunda-feira, 24 de setembro, de mais um debate eleitoral transmitido pela TV, desta vez na Gazeta. Talvez o quinto e último debate (dependendo ainda de confirmação da Globo) seja na próxima segunda-feira (1º de outubro), na Record.

Os candidatos do PT, Fernando Haddad, e do PSDB, José Serra, que em tese são os mais prováveis concorrentes a uma vaga no segundo turno contra Celso Russomanno (PRB), líder em todas as pesquisas de intenção de voto, fugiram dos principais confrontos e evitaram responder perguntas incômodas.

Mais uma vez, a participação de Soninha Francine (PPS) foi destacada nas redes sociais e na cobertura jornalística do encontro pela combinação de se mostrar uma das mais preparadas e fazer as perguntas mais contundentes aos adversários - sobretudo a Haddad, que a cada questão parece "congelar", como no efeito do final do capítulo da novela global. Reveja também: "Haddad, e o Maluf?".

Instituto Lula

No 1º bloco, sexta candidata sorteada, Soninha Francine faz uma pergunta para Carlos Giannazi (PSOL) sobre a cessão de um terreno na região da Nova Luz pela Prefeitura de São Paulo para o Instituto Lula. Giannazi afirma que Kassab “nada mais é do que um grande corretor de imóveis” e transformou a Prefeitura em um balcão de negócios. Ele acusa o prefeito de permitir a “especulação imobiliária”.

Na réplica, Soninha afirma que a proposta do seu partido é de “revitalização” do centro de São Paulo, e foi contra a cessão da área. Ela destaca a importância da criação de moradias e diz que a cessão do terreno ao Instituto Lula é “uma injustiça”. Na tréplica, Giannazi diz que “empreiteiras mandam neste governo” e, por isso, “São Paulo está um verdadeiro caos”.

Ainda no 1º bloco, Russomanno faz uma pergunta para a Soninha. Ele quer saber o plano da candidata para melhorar os serviços públicos. Ela diz que é preciso reduzir a burocracia para não sujeitar o cidadão à “boa ou má vontade” dos funcionários. Ela defende uma revisão de “todos os processos”, mas destaca o papel das ouvidorias para garantir a qualidade da gestão, além de destacar a participação dos cidadãos e a transparência que gera eficiência.

O chefe do Mensalão

No 2º bloco, Soninha faz uma pergunta para Haddad sobre a absurda carta assinada por partidos da base do governo em apoio ao ex-presidente Lula, que acusa de "golpe" associá-lo ao Mensalão. Haddad diz que a oposição foi irresponsável ao atacar o governo acusando sem fundamento. “São Paulo está em descompasso com o que está acontecendo no País”, diz o petista. Na réplica, Soninha volta a falar sobre a nota de desagravo e diz que o teor da carta é “agressivo” e deixou até políticos que apoiaram o texto constrangidos. Na tréplica, Haddad diz que Soninha “fala como se não tivesse participado da Prefeitura de Kassab, da qual foi subprefeita”. Ele diz que vai acabar com a taxa de inspeção veicular. Lembra o caso Aref e diz que o funcionário envolvido em diversos casos de propina foi indicado por José Serra.

O candidato Paulinho (PDT) faz uma pergunta sobre saúde. Soninha diz que faltam profissionais de saúde em São Paulo, e destaca que é preciso uma série de ações emergenciais para garantir atendimento à população. Ela também defende um programa de concessão de bolsas para garantir que médicos com especialidade “em falta” no serviço público (geriatras, por exemplo) sejam formados com ajuda da Prefeitura, para que atuem no atendimento municipal.

Russomanno: aliado ou inimigo do PT?

No 3° bloco, Soninha pergunta para Haddad se ele assina embaixo das acusações e críticas feitas contra Russomanno na propaganda eleitoral do PT, que é comparado ao ex-prefeito Celso Pitta (cria de Maluf) e acusado de ser uma "aventura" ou um "salto no escuro". Haddad ignora a pergunta e retoma assunto anterior. Ele volta a explicar porque, na sua opinião, a proposta de Russomanno para a segurança não daria certo. Em seguida, cita proposta para os transportes. Na réplica, Soninha diz que sua posição é clara, em “oposição ao Russomanno por suas ligações com a Igreja Universal. Na tréplica, Haddad lembra declaração de Soninha sobre votar nele em eventual segundo turno entre o petista e Russomanno. Agradece, com ironia, o “apoio” de Soninha e mais uma vez foge do querstionamento incômodo.

O tucano José Serra faz uma pergunta para Soninha sobre a indicação de Marta Suplicy ao Ministério da Cultura. Ele diz que, segundo a imprensa, a indicação foi parte de uma troca para que ela apoiasse Haddad em São Paulo. Ele pergunta se Soninha acha correto essa maneira de agir. Ela afirma ser contra esse tipo de negociata. Na réplica, Serra diz que “troca-troca” prejudica serviço público. Soninha concorda e diz que é possível fazer acordos republicanos sem fazer escolhas equivocadas.

Herança maldita na Educação

No 4º e último bloco de perguntas, Soninha pergunta para Giannazi o que ele acha da gestão do Ministério da Educação nos últimos anos, quase uma "herança maldita" do atual governo, e sobre os boatos de que Gabriel Chalita (PMDB) pode ser o novo ministro. Giannazi afirma que Haddad “fechou a representação do MEC em São Paulo” e, por causa disso, as faculdades “deitam e rolam” sobre os alunos. Na réplica, Soninha fala sobre o ProUni e lembra que o modelo foi criticado inicialmente pela União Nacional dos Estudantes (UNE), que agora estranhamente o apóia, de forma acrítica. Por que será?

Tendo que escolher entre Soninha e Serra para questionar, Haddad titubeia e faz uma pergunta para Soninha - provocando risos na plateia e acusações de "arregão" nas redes sociais. Ele quer saber se a candidata é favorável à “privatização de leitos” nos hospitais públicos. Soninha afirma que é favorável ao modelo de parcerias público-privadas, mas condena a “porta-dupla” nos hospitais, que tratam de forma desigual pacientes da rede pública e privada. Ela defende mais uma vez a construção de mais leitos e um tratamento de qualidade para todos, sem distinção.

Eleição em dois turnos

No final do debate, Soninha voltou a afirmar que é a melhor opção para um provável 2º turno contra o candidato do PRB, Celso Russomanno, líder nas pesquisas de intenção de voto, já que essa própria liderança é decorrente da saturação do eleitor com a polarização PT x PSDB.

O presidente do PPS paulistano, Carlos Fernandes, deixou claro que não existe qualquer outra decisão do partido para o 2º turno, sejam quais forem os concorrentes. "Vamos ouvir todo o partido após 7 de outubro, respeitando as opiniões individuais, mas acreditamos que Soninha ainda seja a melhor opção para a cidade de São Paulo."