Nem na época da ditadura, nem mesmo quando surpreendeu na década de 90 como prefeito de São Paulo e elegeu um poste para a sua sucessão, Paulo Maluf deve ter sonhado em colocar dois candidatos no 2º turno da eleição paulistana: enquanto apóia pessoalmente Fernando Haddad (PT), no golpe de mestre que teve como desfecho a constrangedora foto de Lula nos jardins da mansão malufista, seus mais antigos e fiéis seguidores estão na campanha de Celso Russomanno (PRB).
Vamos dar nomes? Os ex-vereadores Zé Índio, Archibaldo Zancra e José Izar são três exemplos dos chamados malufistas "históricos" que acompanham o atual líder das pesquisas. Fora da política desde que tiveram seus nomes envolvidos nos imbróglios da gestão de Celso Pitta (1997-2000), cujo escândalo denominado "máfia dos fiscais" culminou com a cassação e até a prisão de parlamentares, voltam a rondar o poder.
Se não bastassem os malufistas que reaparecem nos bastidores, comendo pelas beiradas, há outros que disputam inclusive uma vaga na Câmara Municipal, como Conte Lopes (PTB) e Vicente Viscome (PRP), ambos de partidos coligados na chapa de Russomanno.
Vamos relembrar "quem é quem?". Para não nos acusarem de parcialidade, só usaremos informações colhidas no Google:
Vicente Viscome - Foi um dos acusados de chefiar o esquema de extorsão na chamada "máfia dos fiscais". Cassado na Câmara por corrupção, tinha amealhado um patrimônio de 16 milhões de reais. Seu envolvimento nas cobranças de propina na Regional da Penha foi comprovado pelo Ministério Público. Foi preso em março de 1999 e condenado a 16 anos de prisão. Ficou na cadeia até 2005, quando conseguiu liberdade condicional. Dois anos mais tarde, sua pena foi extinta pela Justiça. Em 2008, já tentou se reeleger vereador, sem sucesso. No entanto, não desistiu da carreira política, e concorre novamente ao cargo vereador de São Paulo nas eleições 2012, desta vez pelo PRP, aliado a Celso Russomanno.
José Izar - Eleito vereador pela fama de "advogado do Corinthians", ficou célebre também na política pelo discurso que o salvou da cassação na Câmara Municipal: insinuou ter "na mão" seus colegas vereadores que o absolveram em votação secreta. Segundo Izar, eram "amigos" que carregava "entre os dedos”. E avisou: “Enquanto estiverem em minha mão, vocês vão estar dentro do meu coração”. Para não restar dúvidas, concluiu: “Vocês são amigos que, eu tenho certeza, jamais vou esquecer. Mesmo se cassado for, vou ajudar cada um dos senhores.” Ele e o irmão William Izar, ex-administrador regional da Lapa, foram condenados a oito anos de prisão pela participação na máfia dos fiscais.
Zé Índio - Vereador por três legislaturas e deputado federal por uma, seu lema sempre foi "Uma vida inteira brigando por você", forma sutil de lembrar seu eleitorado cativo da fama de bom de briga, ao lado dos irmãos que, no passado, botavam medo no bairro da Mooca. Além de controlar a administração regional nos governos Maluf e Pitta, era um dos chefões da Câmara. Foi investigado também pela Operação Hurricane, da Polícia Federal, por suposta formação de quadrilha, corrupção ativa e passiva e concussão. A Operação Hurricane (furacão) desarticulou uma suposta quadrilha especializada em comprar sentenças para favorecer a máfia dos bingos e caça-níqueis.
Archibaldo Zancra - Vereador por dois mandatos, oriundo da região da Vila Prudente - onde também controlava a administração regional - foi escolhido relator do processo de impeachment do então prefeito Celso Pitta. Escândalos e denúncias o impediram de assumir uma cadeira no Tribunal de Contas do Município, vaga que teria negociado em troca da absolvição do sucessor de Maluf.
Conte Lopes - Ex-deputado e ex-tenente e capitão da Rota com fama de "linha-dura", que gosta de exaltar (inclusive no número da urna eletrônica: 14.138, fazendo referência ao calibre da arma). É autor do livro "Matar ou Morrer", escrito em resposta a "Rota 66", do jornalista Caco Barcellos, que demonstra a brutalidade e ilegalidade das ações em que Conte Lopes esteve envolvido.