sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Fatos e boatos sobre a candidatura de Soninha

Passa o tempo, as idas e vindas de Serra e Kassab continuam a pautar a sucessão paulistana, a mídia e a patrulha virtual seguem especulando sobre o eventual posicionamento do PPS - quase sempre sem nenhuma informação concreta, apenas para tumultuar - e o eleitorado fica perdido no meio de tanta boataria.

Mas, como já se tornou hábito, o Blog do PPS vai responder com absoluta transparência as principais críticas e questões levantadas tanto na imprensa quanto nas redes sociais: A candidatura de Soninha Francine à Prefeitura é pra valer? Ela vai desistir se o Serra entrar na disputa? O PPS é linha-auxiliar do PSDB?

Antes de mais nada, é preciso esclarecer: o PPS insiste na tese da construção de uma terceira via, fora da polarização PT x PSDB, por entender que a cidade está saturada desta mesmice. São Paulo exige uma nova forma de fazer política, com outra postura ética, administrativa e uma visão diferenciada dos principais problemas urbanos e sociais.

Biruta eleitoral

O comportamento pendular do prefeito Gilberto Kassab, entre PT e PSDB, demonstra uma coisa óbvia: ambos não têm muita diferença. Precisamos fugir desta lógica da biruta de aeroporto, que se move com o vento.

Em todas as pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo, percebe-se a saturação do eleitor com os candidatos da polarização PT x PSDB e o cenário ideal para a construção de uma terceira via.

Nem PT, nem PSDB. Que venha a eleição de 2012 com um "sinal verde" para São Paulo, que é a síntese da proposta do PPS por uma cidade sustentável, em torno da candidatura de Soninha Francine.

Mas a candidatura de Soninha à Prefeitura é pra valer? O PPS vai manter a candidatura de Soninha mesmo com Serra na disputa?

Lamentamos desapontar quem acha que cabe à Soninha Francine um papel meramente figurativo na eleição. Ou que o PPS vai "fazer o que o PSDB mandar", como já foi publicado na imprensa, ou simplesmente "bater no PT”.

O PPS não se presta a esse papel. Essa mesma aposta leviana de que o PPS iria aderir a Alckmin ou Kassab no 1º turno em 2008, ou que faria uma campanha agressiva contra Marta Suplicy, foi derrubada pelos fatos: Soninha foi candidata, numa campanha dinâmica, afirmativa, inovadora, leve, propositiva.

A nossa proposta para 2012 é justamente quebrar essa polarização PT x PSDB e buscar construir uma alternativa para São Paulo, através de uma candidatura própria à Prefeitura e uma chapa de vereadores na formulação do Programa Cidades Sustentáveis.

O PPS busca construir essa via alternativa possivelmente aliado a outros partidos e movimentos da sociedade, lançando Soninha à Prefeitura e uma chapa de qualidade à Câmara Municipal (onde se destacam, entre 83 homens e mulheres dignos, Ricardo Young, Claudio Fonseca, Ari Friedenbach, Carlos Fernandes, Chiquinho Pereira, Ivanise da ONG Mães da Sé, Luisa Mell, Gui Pádua etc.).

Apostamos na quebra dessa polarização, inclusive trazendo para o debate entidades como a Rede Nossa São Paulo, o Instituto Ethos e o Movimento Nova Política, recém-lançado por Marina Silva, além de outros partidos que não se sujeitam à mera cooptação.

O PPS vai continuar sendo linha-auxiliar do PSDB?

Outra afirmação completamente equivocada, disparada por quem desconhece ou pretende distorcer a realidade. O PPS é linha-auxiliar do PSDB? Vejamos...

Em 1989, na primeira eleição direta pós-Ditadura, o então PCB lançou Roberto Freire para a Presidência da República no 1º turno e apoiou Lula no 2º turno contra Collor.

Em 1992, após o impeachment de Collor, o recém-fundado PPS (oriundo do PCB) deu sustentação ao governo do presidente Itamar Franco (o PT era contra; inclusive puniu Luiza Erundina por participar do ministério). O líder do governo Itamar na Câmara foi o deputado Roberto Freire, presidente do PPS.

Em 1994, em nome de uma "esquerda democrática", o PPS apoiou Lula contra Fernando Henrique Cardoso, que se aliou ao PFL. FHC venceu no 1º turno.

Em 1998, o PPS lançou à Presidência Ciro Gomes, dissidente do PSDB e crítico da gestão FHC, que foi reeleito no 1º turno.

Em 2000, o PPS apoiou Luiza Erundina (PSB) para a Prefeitura de São Paulo (com Emerson Kapaz vice). No 2º turno, o PPS pregou voto em Marta Suplicy (PT) contra Paulo Maluf.

Em 2002, o PPS lançou novamente Ciro Gomes à Presidência. O candidato tucano foi José Serra. No 2º turno, o PPS apoiou Lula (contra Serra) e integrou o governo petista (Ciro Gomes foi nomeado ministro). Em São Paulo, apoiou o governador Geraldo Alckmin (contra o petista José Genoíno), mantendo-se na base desde o governo Mário Covas (de quem Alckmin foi vice).

Em 2004, o PPS rompeu com Lula apontando uma série de divergências na condução do governo, que traiu as expectativas de quem esperava uma gestão "democrática de esquerda". Pouco depois estouram os escândalos do mensalão, propinoduto e outros casos de corrupção. Ciro Gomes troca o PPS pelo PSB.

Ainda em 2004, o PPS apóia em São Paulo a eleição de José Serra para a Prefeitura (com Kassab vice), contra a reeleição de Marta Suplicy (PT) e a sua base de sustentação que reproduzia o "modus operandi" do governo federal, combatido pelo PPS.

Em 2006, o PPS apóia a candidatura do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, à Presidência da República (contra a reeleição de Lula); e do então prefeito José Serra para o Governo de São Paulo (contra Mercadante e os "aloprados" petistas).

Em 2008, o PPS lança Soninha Francine, dissidente do PT, à Prefeitura de São Paulo. No 2º turno, apóia a reeleição de Gilberto Kassab (coligado a PMDB e PV) contra Marta Suplicy.

Em 2010, o PPS apóia José Serra (PSDB) na eleição presidencial contra Dilma Roussef (PT) por entender que o Brasil não podia permanecer 12 anos no (des)governo petista. Para o Governo do Estado, apoiou o retorno de Geraldo Alckmin.

Para 2012, vai lançar novamente a candidatura de Soninha Francine, que teria hoje entre 9% e 11% de intenção de votos pelo Ibope e Datafolha, ou seja, mais que a soma dos pré-candidatos do PT e do PSDB.

Portanto, nada mais coerente: em seis eleições presidenciais, o PPS teve candidatura própria em três (uma com Roberto Freire e duas com Ciro Gomes); apoiou Lula em duas (2º turno de 1989 e 1º turno de 1994); e esteve duas vezes com um candidato do PSDB (Alckmin em 2006 e Serra em 2010).

Para a Prefeitura de São Paulo, das quatro últimas eleições, o PPS lançou candidatura própria em três: 2012, 2008 (Soninha) e 2000 (na coligação Erundina/Kapaz com PSB, PDT e PMN), sendo que no 2º turno de 2000 apoiou o PT (Marta). E foi "linha-auxiliar" do PSDB (para usar o termo preferido dos críticos) apenas uma vez, com Serra, em 2004. Ou seja...