Todas as pesquisas de intenção de voto para a Prefeitura de São Paulo apontam para o desgaste da polarização PT x PSDB: lideram Celso Russomano (PRB), Netinho de Paula (PCdoB) e Soninha Francine (PPS). Forte indício de que o eleitor paulistano está saturado da mesmice nas eleições e busca uma nova alternativa.
Atentos a esse quadro, petistas e tucanos partem para o contra-ataque: o neófito Fernando Haddad é lançado por Lula e Dilma, com o reforço (criminoso, diga-se) da máquina governista (veja aqui), enquanto tucanos tentam mobilizar a militância em torno de quatro coadjuvantes, à espera da decisão do protagonista José Serra.
O prefeito Gilberto Kassab - com altíssimo índice de rejeição mas ainda assim eleitor privilegiado - dá sinais trocados. Fica entre: a) lançar candidato próprio do seu recém-criado PSD, que seria o vice-governador Guilherme Afif Domingos; b) se não funcionar o Plano A, ameaça indicar o vice do petista Haddad, e para tanto tem na manga o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles; ou c) esperar a definição do tucano José Serra, único cabeça-de-chapa do PSDB admitido pelo PSD.
A leitura de Kassab, já manifestada a vários interlocutores, é que, sem Serra, a eleição estará polarizada entre "o candidato de Lula" e "o candidato de Alckmin". Aí que a coisa complica: o ungido de Lula, todos sabem, é o ex-ministro Haddad - e virá forte a pressão para tirar do páreo os pré-candidatos de partidos aliados (PMDB, PCdoB, PRB, PDT e a pqp).
Mas quem seria o candidato de Alckmin? O governador espera pelo recuo de José Serra, torce por um dos quatro pré-candidatos da prévia tucana (Bruno Covas, Andrea Matarazzo, José Aníbal, Ricardo Trípoli) ou na realidade prefere o amigo pessoal e pupilo Gabriel Chalita (PMDB)? Seja qual for a saída, o PSDB virá rachado.
Na dúvida, Kassab atira para todos os lados. Diante das circunstâncias - e à espera da (in)definição tucana - estica e puxa a sua legenda que "não é de direita, de esquerda, nem de centro" antes de traçar seu rumo em São Paulo. Pode fechar com Alckmin, apoiá-lo à reeleição em 2014, concorrer ao Senado e preparar terreno para 2018; ou dobrar com o PT e tornar-se ele próprio nome forte para disputar o Governo já em 2014.
Para o PT - que no governo federal atua com Sarney, Collor, Jáder, Maluf, Temer, Valdemar Costa Neto, criou o mensalão, carregou dólar na cueca, fechou os olhos para a corrupção e consolidou o loteamento da máquina - o menor dos problemas seria justificar um vice kassabista. Vale tudo no jogo eleitoral.
Os próximos passos e o papel do PPS
As perguntas que ficam no ar: A pressão para José Serra ser o candidato tucano, reeditando a aliança com Kassab, vai surtir efeito? Se não lançar Serra, o PSDB aceitaria apoiar Afif? Nesse caso, o governador Alckmin se vingaria de 2008 e daria apoio velado a Chalita? Serão mantidas as candidaturas de Russomano, Netinho, Paulinho e do próprio Chalita (dos partidos da coalizão lulodilmista)?
Contra o posicionamento do PPS, a crítica recorrente é que se trata de "linha auxiliar" dos tucanos. Engana-se quem pensa assim, porque a estratégia é construir uma terceira via, alheia à polarização PT x PSDB, com a candidatura da ex-vereadora Soninha Francine - que já disputou 2008 com uma campanha diferenciada, leve, propositiva (não cedendo às pressões nem de Alckmin, nem de Kassab). Acreditamos nesta candidatura alternativa.
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