Não que alguém no PSDB vá ouvir qualquer conselho, nem é essa a pretensão. Mas passaram tanto tempo tentando esconder FHC, num erro tático e estratégico sem tamanho, que não percebem que o melhor nome tucano para a Prefeitura de São Paulo em 2012 seria justamente o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Fala-se numa prévia no PSDB e já estão lançados os nomes de José Aníbal, Bruno Covas, Andrea Matarazzo e Ricardo Tripoli. Também corre por fora Aloysio Nunes, porém a verdadeira incógnita é se José Serra aceitará ou não o desafio de disputar novamente a Prefeitura (o que praticamente o obrigaria a cumprir os quatro anos de mandato, afastando-o definitivamente do sonho presidencial).
E FHC segue, aos 80 anos, como o mais lúcido dos tucanos, vencendo finalmente a barreira imposta por marqueteiros e iluminados do próprio PSDB que julgaram que o legado de seus dois governos (que o PT espertamente tachou de "herança maldita") implicaria na derrota do Partido da Social-Democracia Brasileira.
Ficaram com medo de perder por defender os bons (ou não?) governos de FHC. Resultado: perderam de um jeito pior, omitindo as suas conquistas, realizações e iniciativas que seriam copiadas e perpetuadas pelo governo do PT, incluindo o carro-chefe da área social, o Bolsa Família.
Ironia do destino, o desagravo a FHC coube exatamente a uma estrela petista, a presidente Dilma Roussef, que homenageou "o acadêmico inovador, o político habilidoso, o ministro-arquiteto de um plano duradouro de saída da hiperinflação e o presidente que contribuiu decisivamente para a consolidação da estabilidade econômica".
"Mas quero aqui destacar também o democrata. O espírito do jovem que lutou pelos seus ideais, que perduram até os dias de hoje", disse a presidente Dilma. "Esse espírito, no homem público, traduziu-se na crença do diálogo como força motriz da política e foi essencial para a consolidação da democracia brasileira em seus oito anos de mandato."
Dilma ressaltou ainda a "admiração por sua abertura ao confronto franco e respeitoso de ideias". Eis que a presidente petista manifestou o que pouquíssimos tucanos, influenciados por cálculos eleitoreiros baseados em pesquisas capengas, tinham coragem de expressar.
FHC disputar a Prefeitura de São Paulo seria uma homenagem recíproca: a ele e à cidade. O ex-presidente poderia enfim ocupar a cadeira que disputou e perdeu em 1985 para Jânio Quadros e encerraria com chave-de-ouro uma vida pública brilhante.
Mas, enfim, esse é só um palpite de quem vê a política de fora do ninho tucano. Por aqui, o PPS terá novamente candidatura própria à Prefeitura, repetindo a experiência bem sucedida em 2008 com Soninha Francine, apresentando uma proposta alternativa viável e moderna para a cidade de São Paulo.
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