O jornal O Estado de S. Paulo traz hoje ampla reportagem sobre as diversas ações antienchente anunciadas pelo prefeito Gilberto Kassab diante do caos dos últimos dias de chuva recorde na cidade.
Lá pelas tantas, o repórter Diego Zanchetta comete o seguinte parágrafo:
"Desde o início da semana, Kassab e os secretários tentavam encontrar um plano que pelo menos evite mortes nas enchentes dos próximos anos, o que poderia criar um desgaste político irreversível ao prefeito. Desde dezembro, dez pessoas morreram, só na capital, por causa dos temporais."
Como assim? Será mesmo que o prefeito só está preocupado em evitar mortes para não sofrer um "desgaste político irreversível"? Não há nada de humanitário nem de responsabilidade social nesta ação? Trata-se de puro marketing eleitoral?
Ora, ora, nos bons tempos isso não era jornalismo. Ou o profissional de imprensa tem um dado concreto para apontar que tudo não passa de politicagem, de ação "para inglês ver", ou não faz uma afirmação leviana dessas.
O fato é que São Paulo vive uma situação caótica, mas as chuvas não são culpa do prefeito. Cobremos limpreza, construção de piscinões, medidas eficientes na execução do plano diretor da cidade. Mas também não vamos exagerar nem contribuir para a esculhambação de todos os políticos, como se esperássemos salvadores da pátria que resolvessem o problema crônico de 456 anos de falta de planejamento com uma canetada.