Estamos todos eufóricos com a conquista histórica do Rio 2016! Quem percebeu que no anúncio final já não existia a presença do Rei Juan Carlos, já havia notado que aquela era a senha de que o Rio tinha sido a cidade escolhida.
Vitória do COB, dos três níveis de governos - e da política de seus governantes -, dos atletas e de todos que apostaram na vitória brasileira. Um placar de 66 a 32 foi uma vitória contundente! Triunfo do Brasil que emerge do Terceiro Mundo para um patamar de respeitabilidade de uma nação que merece e exige reconhecimento.
A estabilidade democrática, a estabilidade da moeda, o crescimento de nossas empresas privadas para o status de empresas transnacionais, nossas conquistas esportivas, nossa auto-suficiência energética, a captação da Copa do Mundo, dentre outros fatores, deram ao Brasil esta imagem de credibilidade comprovada pelos membros do Comitê Olímpico Internacional.
Nosso próximo alvo será a conquista de uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU. Isto, se não tropeçarmos na relação incestuosa com líderes populistas de caricatas repúblicas da banana.
Com os jogos de 2016, virá um novo ciclo de investimentos e prosperidade econômica para o Rio de Janeiro e muito mais foco ao esporte brasileiro. Chamo atenção porém, que mais importante que sediar uma Olimpíada pura e simplesmente - como Atlanta e Atenas -, ou modernizar e valorizar uma metrópole – caso de Barcelona, Sidney e Pequim -, o imperativo é criarmos um Brasil verdadeiramente olímpico.
O Brasil Olímpico seria o reencontro da Educação com o Esporte. Seria propagar os conceitos olímpicos como meio de valorização da juventude. Seria promover o esporte como meio de inclusão social, de prevenção a violência, de propagação de uma cultura da paz, de promoção de bem estar e qualidade de vida. Para toda a população.
Teríamos que ter em mente, que tão importante quanto sediar os Jogos Mundiais Militares, a Copa do Mundo de Futebol e os Jogos Olímpicos, seria organizar o maior e mais abrangente Jogos Estudantis Brasileiros, por exemplo. Por que não? Nós podemos!
Políticas de Educação e Saúde não irão prosperar sem estar harmonizadas com a política do esporte e da valorização do Profissional de Educação Física. Não devemos construir instalações desportivas sem antes respeitarmos o dinheiro público e recuperarmos os equipamentos esportivos abandonados e sucateados em todo território nacional. Não devemos tomar decisões, sem ouvir os atletas. O Atleta tem credibilidade e prestígio para defender muitas causas. E o Rio 2016 foi a mais importante delas.
Por outro lado, o atleta formador de opinião e consagrado, tem que ter direito ao voto e a parcela relevante da definição de uma política esportiva. Tem que ser um protagonista e não mero coadjuvante.
Capacitar os gestores esportivos e profissionalizar a gestão esportiva pública e privada, será outra necessidade. Toda a nossa respeitabilidade advirá da transparência destes atos e da democratização das entidades de administração do desporto.
O Brasil flertou com as candidaturas olímpicas de Brasília 2000 e Rio 2004. Na candidatura de Rio 2008, jogou para adquirir experiência e poder ganhar no futuro. Em 2000, estive eu, o Ministro Carlos Melles e Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, em uma audiência na sede do COI, em Lausanne, na Suiça, com seu então presidente, o espanhol madrilenho Juan Antonio Samaranch. Perguntamos a ele com franqueza, qual seria a chance do Brasil sediar uma Olimpíada? Ele disse, "...provem primeiro, à comunidade esportiva internacional, que vocês podem organizar com magnitude um evento continental..."
Surgiu então, em 2001, o projeto Panamericano de 2007. Antes conquistamos os Jogos Sulamericanos da ODESUR de 2002. E isso foi vital para conquistarmos os votos dos nossos vizinhos. Depois superamos a cidade de San Antonio, nos EUA, e conquistamos o Pan Rio 2007.
A receita estava certa e Nuzman e seus aliados trabalharam diuturnamente para esta conquista. Mérito ainda do Ministro Orlando Silva, do Governador Sérgio Cabral, do Prefeito Eduardo Paes, dos atletas lá presentes - dentre eles meu irmão Torben -, e da forte credibilidade internacional do Presidente Lula.
Passada a euforia, começemos a pensar no Brasil Olímpico, de TODOS!
Lars Grael é filiado do PPS
Medalhas de bronze nos Jogos Olímpicos de Seul e Atlanta
Ex-Secretário Nacional de Esporte (2001/2002)
Ex-Secretário da Juventude, Esporte e Lazer do Estado de SP (2003/2006)