sexta-feira, 20 de março de 2009

Câmara debate impacto da crise global na cidade

Hoje, sexta-feira, 20 de março, a partir das 10h da manhã, haverá no "plenarinho" da Câmara Municipal o debate "O Impacto da Crise Econômica na Cidade", uma promoção conjunta dos vereadores Claudio Fonseca (PPS), Floriano Pesaro e Gilberto Natalini (PSDB) para debater os efeitos da crise mundial em São Paulo, principalmente no aspecto social, agravando problemas como o desemprego.

Estão convidados para o evento os economistas Tony Volpon, analista de mercado e economista chefe da CM capital Markets; André Rebelo, gerente do departamento de Pesquisas Econômicas da Fiesp; Humberto Barbato, presidente da Associação Brasileira de Eletro Eletrônicos; e Amarildo Gabriel, representante da Federação das Microempresas do Estado de SP; além do presidente nacional do PPS, Roberto Freire.

O impacto da crise mundial na vida do brasileiro

O PPS, assim como todo e qualquer cidadão preocupado com a garantia dos ideais democráticos, da cidadania plena e da justiça social, tem o desafio de acompanhar os desdobramentos dessa crise financeira mundial e, principalmente, os seus impactos sobre a economia nacional e a vida de cada brasileiro. Já há desemprego, infelizmente, e a tendência é o agravamento do problema. A crise não tem origem no Brasil, mas impacta o Brasil. Não há como cruzar os braços para esperarmos resignados o que vem por aí.

Quais os efeitos dessa crise? Quais as medidas para evitar que a onda mundial, que nos Estados Unidos ameaça fazer estragos de tsunami, tenha mesmo o efeito de "marola" aqui no Brasil? Quais as ações concretas que podemos propor tanto no plano do Legislativo quanto do Executivo? Como um partido político pode atuar no sentido de buscar os instrumentos e meios de combate à crise, com políticas públicas, ações emergenciais e planos de investimentos que melhorem a nossa produtividade e que gerem emprego?

Por outro lado, devemos aprofundar os questionamentos à ineficiência do governo diante desta crise anunciada com tanta antecedência, à inércia dos agentes políticos e econômicos para encontrar meios de prevenir o agravamento do quadro de desemprego e depressão, às políticas compensatórias e assintencialistas que funcionam como paliativo mas que não combatem a doença social crônica que há décadas afeta parte considerável da população brasileira.

Que ações concretas são planejadas no país para gerar emprego e reduzir a taxa de juros, por exemplo? Como enfrentar a crise se não dermos condições reais de investimentos no setor público e privado, se não redefinirmos o papel do Estado, se não garantirmos uma profunda reforma política e tributária, que impulsione o país a dar um salto adiante, que garanta o combate às causas da doença, não simplesmente aos sintomas.

Há medidas concretas já tomadas, inclusive com a participação dos parlamentares do PPS na Câmara dos Deputados, para reforçar as atribuições do Banco Central, assim como para ampliar a atuação e o volume de recursos para o BNDES, para estimular o crédito imobiliário, a habitação popular e os empreendimentos em infra-estrutura, principalmente energética. São ações pontuais, mas importantes. Outras iniciativas são essenciais para assegurar os empregos, garantir melhor acesso ao crédito e estimular o empreendedorismo.

Fundamental, neste momento, mais até do que enfrentar a própria crise, talvez seja combater o medo generalizado que tomou conta dos diversos segmentos da economia. Como já foi discutido pelo PPS em outros eventos sobre o tema, precisamos adotar medidas anti-cíclicas contra a crise para combater a aversão ao risco, seja dos consumidores em comprar, dos empresários em investir e dos bancos em enfrentar os seus efeitos. Essencial é combatermos a crise de confiança que se abateu sobre os mercados.

Os efeitos desta "crise de confiança": quem possui recursos sobrando não empresta, quem precisa de dinheiro para cobrir falta de caixa não encontra quem forneça. É aí que deve prevalecer o papel do governo como agente fomentador de investimentos. O governo precisa gastar e gastar bem, ou seja, investir na infra-estrutura, emprestar para quem quer produzir e cortar despesas com o custeio da máquina pública.

Os reflexos da crise são sentidos na bolsa de valores, no consumo das famílias, no investimento das empresas, na inflação, nas exportações e no crescimento do país. O Governo Lula tem no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) o seu carro-chefe, liberando recursos para obras em todas as regiões do país. Resta saber até quando vai durar esta bolha milagrosa diante da crise.

É preciso garantir e acelerar a liberação dos recursos do PAC, sem perder de vista a necessidade de manter e ampliar os demais programas sociais dos governos (no âmbito nacional, estadual e municipal), e manter a política de recuperação do poder de compra do salário mínimo. Além disso, são necessárias reformas estruturais que garantam o crescimento sustentável da economia. A redução da taxa de juros é uma necessidade urgente. A economia brasileira não cresce porque é gerada uma taxa de juros reais que não vemos em nenhum outro lugar do mundo. A quem interessa manter esse patamar de juros?

Enfim, o PPS está disposto a cumprir o seu papel político e social neste debate. Não podemos ficar presos apenas ao discurso, é preciso agir. Não há soluções mágicas para a crise. Não existem culpados nem salvadores da pátria. O momento é de coalizão para a busca de soluções práticas e viáveis para o enfrentamento menos doloroso deste mal que se anuncia. É um grande desafio, que mostrará a nossa capacidade de ação e reação neste momento crítico, mas oportuno para a construção de um pais mais estável e justo. Vamos ver no que vai dar.