domingo, 24 de setembro de 2017

PPS paulistano renova direção em congresso marcado pela defesa da diversidade, da tolerância e pela autocrítica do atual sistema político-partidário

O PPS realizou neste domingo, 24 de setembro, na Câmara de São Paulo, o congresso que debateu a situação do Brasil, aprovou uma resolução política (leia abaixo) e elegeu seus delegados para os congressos estadual e nacional do partido, além de renovar o Diretório Municipal de São Paulo, reelegendo para a presidência Carlos Fernandes, atual prefeito regional da Lapa. Assista na íntegra.

Num encontro destacado pela defesa da diversidade e da tolerância, e pela autocrítica da falência do atual sistema político-partidário, marcaram presença o presidente nacional do PPS, deputado federal Roberto Freire; o presidente estadual do PPS/SP, deputado estadual Alex Manente; a deputada federal Pollyana Gama; o deputado estadual Davi Zaia; o secretário estadual da Agricultura, deputado federal licenciado Arnaldo Jardim; e os vereadores paulistanos Claudio Fonseca e Soninha Francine. (Veja aqui mais fotos e vídeos)


De São Paulo para o Brasil: O que nos une é a boa política

O PPS de São Paulo chega a mais um Congresso Municipal, neste 24 de setembro de 2017, após uma trajetória vitoriosa, coerente e digna dos melhores princípios da democracia, da cidadania e da boa política. Ocasiões como esta são oportunas para a prestação de contas da atual direção, mas também para reflexões e debates, diagnósticos e prognósticos do quadro político. Para o arejamento de ideias, a oxigenação partidária e a motivação da militância. Aliás, é exatamente isso que nos une: a boa política.

Neste momento de grave crise enfrentada pelos brasileiros e de enorme descrença nos políticos e nas instituições democráticas, o papel de um partido com a história, as tradições e a cultura do PPS é de extrema relevância para respondermos aos anseios da sociedade atual, que exige uma nova forma de fazer política. Ou, do contrário, ficaremos falando para nós mesmos, de forma estéril e desconectada da realidade.

A política que nos une e motiva, portanto, não pode se resumir simplesmente às disputas eleitorais, táticas e estratégias para angariar votos e eleger os nossos candidatos, embora muitas vezes este resultado quantitativo nos leve mais rapidamente a implantar os nossos projetos e colocar em prática as necessárias políticas públicas, as nossas ideais e a nossa visão de mundo.

Não por acaso, a eleição de dois vereadores com a qualidade que tem os nossos atuais representantes na Câmara Municipal de São Paulo, Soninha Francine e Claudio Fonseca, foi o coroamento de decisões políticas acertadas, tanto na montagem da chapa proporcional pela coligação PPS/PHS quanto na aliança multipartidária que elegeu o prefeito João Doria no 1º turno das eleições de 2016.

A política que nos une e motiva, com as inovações, reformas e melhorias que são demandadas pelos cidadãos nos dias atuais, deve também ir muito além das formulações teóricas, das velhas práticas e dos conceitos históricos estabelecidos há anos, décadas e séculos passados.

Não significa que o conhecimento adquirido e o aprendizado acumulado com os erros e acertos pregressos não sirvam para nada. Ao contrário, as experiências e os caminhos trilhados até aqui ajudam a nos posicionar no presente, com as coordenadas ajustadas, e a dirigir o nosso olhar e as nossas ações para o futuro, com determinação, coragem e coerência.

Porém, ao rol das definições teóricas de esquerda e de direita, aos rótulos taxativos de liberais, conservadores, democratas, progressistas e outros que serviam para situar e imobilizar os partidos no velho mapa da política, foram incorporadas novas questões e preocupações ligadas à identidade, diversidade, tolerância, gênero, etnia, sexualidade, ciência, tecnologia, sustentabilidade, qualidade de vida e outros inúmeros interesses das novas gerações.

Hoje as novas comunidades se formam e se mobilizam pela internet. Os conflitos não se resumem às relações de classe, como nos ensinavam as velhas cartilhas políticas e ideológicas. Por outro lado, os partidos envelheceram, não se adaptaram ao novo mundo digital e tecnológico, ficaram presos às suas limitações analógicas. Precisamos nos libertar dessas amarras e avançar.

Na democracia contemporânea os partidos não se bastam. Dependem, para fazer política, do estabelecimento e manutenção de redes de relações com movimentos, instituições, grupos na internet, com outros partidos e atores influentes nos temas específicos.

Foi esta nova realidade - e consequentemente uma visão moderna de partido como interlocutor da sociedade - que nos impulsionou em 2012 a lançar à vereança, em São Paulo, Ricardo Young, que na época batalhava ainda pela criação da Rede Sustentabilidade.

É esse o espírito que deve cada vez mais balizar nossas escolhas e nos mover no cenário político-partidário. Precisamos ter estes movimentos da sociedade próximos e participativos em nossos processos decisórios. É nessa relação de troca e proximidade que nos legitimaremos como representantes de seus ideais, independente de candidaturas.

Voltando ao cenário político, o PPS faz parte de uma construção coletiva que vem sendo buscada há algum tempo e ganha agora uma nova importância: reunir as forças do campo democrático para impedir que cresçam eleitoralmente os polos partidários mais extremados e indesejáveis para a normalidade institucional, tanto à esquerda quanto à direita, que são marcados por características antidemocráticas, demagógicas e populistas.

Esta é uma ameaça concreta que ronda as eleições de 2018, como claramente demonstram as primeiras sondagens eleitorais, com destaque para os expressivos índices de intenção de voto alcançados por Lula e Bolsonaro. Para afastar esta possibilidade é que trabalhamos para construir uma alternativa viável, que tenha como prioridade o aperfeiçoamento constante da democracia, com princípios e valores republicanos compartilhados para a construção de uma sociedade mais justa, solidária, democrática e sustentável.

Traduzindo para a conjuntura atual, é por isso que buscamos insistentemente o diálogo com partidos e movimentos da sociedade que possam se integrar, sem discriminação e com muita tolerância, sabendo que não é tarefa simples, mas neste primeiro momento tentando encontrar os pontos de convergência para elaborar um perfil programático e republicano mais coeso, ao invés de relacionar simplesmente os nomes dos potenciais candidatos, dos diversos partidos. Isso seria inverter o ciclo. Precisamos antes consolidar esse campo democrático e ser protagonistas deste processo, que resultará naturalmente no surgimento de nomes fortes e representativos.

Em 2016, tivemos a clareza de perceber que a eleição em São Paulo teria dimensão nacional e, portanto, era fundamental unir forças para derrotar o projeto petista incorporado na candidatura à reeleição do prefeito Fernando Haddad. Guardadas as proporções, era o modelo a ser combatido por reproduzir em São Paulo todos os males e malfeitos dos 13 anos dos governos do PT no plano federal, que denunciamos desde 2004, quando para nós já estava clara a fraude escandalosa - social, econômica, ética e política - desde o início da gestão do presidente Lula.

Especialmente em São Paulo, após termos lançado candidatura própria em 2008 e 2012, foi natural o nosso apoio em 2016 ao PSDB, como maior partido deste bloco político de oposição ao PT e portanto apto a liderá-lo. Afinal, os tucanos superaram as suas divergências internas e realizaram um processo de prévias partidárias que escolheu João Doria, opção acertada e conectada aos anseios do eleitorado insatisfeito com as práticas criminosas dos governos do PT e desejoso de um candidato que encarnasse este novo agente político, moderno e despido dos antigos vícios e roupagens da velha política.

Apostamos nesta aliança mesmo quando ela apresentava índices irrisórios nas pesquisas, exatamente por se enquadrar naquilo que acreditamos e praticamos sucessivamente, eleição após eleição, seja nas duas candidaturas de Soninha Francine à Prefeitura de São Paulo (em que, apesar da carência de recursos e de estrutura, conseguimos influenciar na pauta das eleições  municipais), seja nas alternativas que construímos quando a soma com outras forças políticas era a solução mais recomendada, como já tinha ocorrido no plano municipal com José Serra e Gilberto Kassab, no plano estadual com Mario Covas e Geraldo Alckmin, e no plano federal com Eduardo Campos e finalmente com Marina Silva nas últimas eleições presidenciais.

Fazer todo este histórico é importante para lembrarmos da nossa trajetória até aqui: de onde viemos, aonde (e por que) estamos e para onde vamos caminhar politicamente. Assim, está claro que nós, que vivenciamos as duas experiências, ora com candidatura própria, ora com coligações, mas sempre de forma responsável e consciente, manteremos a mesma postura para as próximas eleições, buscando a melhor construção para materializar as nossas propostas e valorizar o conteúdo programático, além de manter os fundamentais princípios democráticos e republicanos para conquistar o maior número de corações e mentes.

Não podemos também ignorar as nossas responsabilidades e o compromisso que temos com os destinos do Brasil, nesta transição pós-PT à qual chegamos como apoiadores solidários do processo legítimo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, solução emergente que se impôs diante da atuação criminosa, calamitosa, imprudente e mafiosa dos governos petistas.

Agora precisamos ajudar a garantir e consolidar a estabilidade do país, a segurança institucional para a continuidade da transição democrática até as eleições de 2018 e a aprovação das reformas necessárias para tornar o Estado mais enxuto, moderno, inteligente, dinâmico e eficiente.

É a crença em dias melhores e o trabalho escorado nestas qualidades de uma gestão empreendedora, inovadora e eficaz, sem perder de vista os princípios éticos, democráticos e republicanos, que nos fazem em São Paulo seguir participando do governo municipal do prefeito João Doria, que obteve apoio recorde ao resgatar a autoestima do paulistano e se mostrar presente e atuante no dia-a-dia da cidade.

Nos espaços que o PPS ocupa na administração, adotamos igualmente o diálogo franco e transparente, o trabalho colaborativo e a busca de soluções eficientes e inovadoras, tendo sempre em vista o aprimoramento do serviço público, o aumento da produtividade com responsabilidade fiscal e a melhora da qualidade de vida dos cidadãos.

É toda esta experiência que compartilhamos e o exemplo concreto das nossas práticas que podemos levar de São Paulo para o Brasil: ajudar a revigorar a política e a gestão pública, ampliar as formas de participação, transparência e controle social, e honrar a responsabilidade que nos cabe na transição democrática e republicana.

Renovamos a esperança de que estes exemplos e estas ações contaminem e engajem o maior número de brasileiros. Precisamos, como na época da luta contra a ditadura, estar juntos por um objetivo maior, de uma prática política que volte a dar orgulho e merecer a confiança da população. Uma prática que traga de volta a essência da democracia e os seus ideais. Que traga a juventude para os partidos e que esses jovens nos ajudem a remodelar as nossas estruturas. Por um Brasil melhor, sempre!