quinta-feira, 22 de maio de 2014

A quem o prefeito Haddad se refere quando afirma com tanta certeza que há bandidos no Transporte?

O prefeito Fernando Haddad (PT) afirma com muita certeza que há "sabotagem" e uma "ação de quadrilha" na greve de motoristas e cobradores de ônibus em São Paulo, que paralisou a cidade nesta semana, causou transtornos abomináveis e teria pego de "surpresa" a Prefeitura. (Será?)

Também é apontada por Haddad como possível razão para o caos no transporte a atuação de um "sindicato pararelo" dos trabalhadores. Ora, ora... Ainda que seja verossímil, mostra-se coerente com esta gestão do PT na cidade, que também parece ser "paralela" ao pé da letra: nunca se encontra!

Mas como a Prefeitura de São Paulo pode alegar "surpresa" num sistema que conhece tão a fundo e domina há tantos anos? Pois veja que o secretário municipal dos Transportes Jilmar Tatto é o mesmo que assinou a atual concessão bilionária dos ônibus, desde a gestão da prefeita Marta Suplicy (2001-2004), num contrato prorrogado indefinidamente pela gestão Haddad (leia aqui).

Outros personagens são os mesmos: o representante das empresas de ônibus, atual presidente do sindicato patronal, é Francisco Christovam, que nos governos de Celso Pitta (1997-2000) e Paulo Maluf (1993-1996) já controlava a SPTrans, empresa municipal que gerencia o sistema de transportes.

O sindicalista acusado pelos próprios motoristas de controlar o "sindicato paralelo" é Edvaldo Santiago, outra figurinha carimbada dos tempos de Marta, Pitta e Maluf, que já foi preso sob acusação de receber propina de empresários para fazer greves da categoria (locautes disfarçados, ou paralisações que atendiam aos interesses das próprias empresas).

Lembrando que o histórico do Sindicato dos Motoristas é de prisões e assassinatos de dirigentes. Ninguém é novato na área.

Parlamentares e dirigentes do PT também sempre tiveram estreita ligação com o setor. É a expertise do próprio Jilmar Tatto e família.

O secretário e um dos seus irmãos, o vereador Arselino Tatto (foto), líder do governo Haddad na Câmara de São Paulo, arriscaram ontem uma estratégia inusitada para desviar o foco da greve: tentaram jogar a culpa no Governo do Estado e na suposta omissão da PM. Nenhuma palavra sobre a nulidade de Haddad.

Por essa versão fabricada pela "tattolândia", houve, sim, despreparo e irresponsabilidade do governo no controle da greve e na gestão do caos que tomou as ruas de São Paulo. Mas a "falta de pulso" teria sido do governador Geraldo Alckmin, e não do prefeito Fernando Haddad. Dá pra acreditar?

Sempre pareceu bastante estranho (menos para o PT) que apenas ônibus de empresas do sistema de transporte tenham sido incendiados em São Paulo. Foram poupados justamente os ônibus das cooperativas, que estariam sob controle do crime organizado.

A última notícia sobre o envolvimento nebuloso de políticos com bandidos neste ramo de transportes em São Paulo traz o nome do deputado estadual Luiz Moura, irmão do vereador Senival Moura, ambos petistas e declarados líderes de perueiros e cooperativas de ônibus.

Foi revelado ontem que o deputado do PT foi flagrado pela polícia em uma reunião da qual participaram pessoas com antecedentes criminais e um foragido da Justiça, todos supostamente pertencentes ao PCC, organização criminosa que seria responsável também pela série de ataques a ônibus na capital paulista neste ano.

A reportagem relata: "Moura exerce seu primeiro mandato de deputado na Assembleia Legislativa de São Paulo. Nos anos 90 ele foi condenado pela Justiça do Paraná e também pela Justiça de Santa Catarina a cumprir 12 anos de prisão por assaltos a mão armada. Moura passou mais de um ano e meio na prisão, mas fugiu. Foi beneficiado pela prescrição e apresentou-se depois para pedir reabilitação criminal. Declarou-se arrependido e alegou que cometeu os crimes porque usava drogas."

Com o atestado de antecedentes de todos os envolvidos, é difícil saber a quem especificamente se refere o prefeito Haddad quando comenta sobre os problemas do sistema de Transportes em São Paulo e acusa genericamente a participação de "bandidos". Talvez surjam mais esclarecimentos nos próximos dias.

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