quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Desafio eleitoral: um balde de ofensas e mentiras

Depois de virar moda o chamado "desafio do balde", outro desafio bem menos nobre monopoliza a mídia: é a campanha da "melancia no pescoço", para ver quem fala mais abobrinhas e comete mais impropérios contra Marina Silva, a líder nas pesquisas de intenção de voto para a Presidência da República.

De inocentes úteis anônimos aos nomes mais tradicionais da militância PTbull, de tucanos desesperados com o terceiro lugar que os deixa fora de um eventual segundo turno a mentirosos contumazes, a competição baixa o nível e ganha contornos surreais.

Vemos o senador Aloysio Nunes (PSDB), candidato a vice de Aécio Neves, atacar Marina de forma grosseira, desnecessária e indevida. Para ele, a ex-senadora diz "asneiras" e usa "identidade postiça".

Estranho que Aloysio - "esquecido" do seu recente passado quercista - censure Marina por ter integrado o Governo Lula.

Justo ele, que fez a asneira de ter participado da luta armada ao lado de Dilma e usava o codinome Mateus na guerrilha vem falar de "identidade postiça"

Vixi, quando bate o desespero... Mas talvez a principal diferença entre Aloysio e Marina sejam as "armas" usadas: a única munição de Marina e dos "marineiros" são os sonhos e a esperança de um Brasil melhor. Já os adversários...

Aí assistimos outras cenas ridículas como a do jornalista Paulo Henrique Amorim, que tem um portal na internet mantido às custas de patrocínios do governo do PT e um salário na Record custeado pelos dizimistas da Igreja Universal, atacar Marina pelo fato dela ser evangélica e ex-petista.

Ou o pastor Silas Malafaia, que usou e abusou da polêmica com os gays no Plano de Governo de Marina Silva para se cacifar no tabuleiro eleitoral. O que será que está por trás do showzinho protagonizado por Malafaia? Quem dará mais pelo apoio desse segmento da "fé-ostentação" no segundo turno?

Um "cientista" a serviço do petismo
Tem também o físico e dublê de jornalista Rogério Cezar de Cerqueira Leiteprofessor emérito da Unicamp e membro do Conselho Editorial da Folha de S. Paulo, que do alto dos seus 83 anos de idade se presta ao papelzinho ridículo de tentar desqualificar "cientificamente" os adversários do PT.

Isso não é de hoje. Além de manter um site pessoal em que ataca os opositores do governo, de quatro em quatro anos ele usa o jornal do qual é "conselheiro" para esse tipo de jogo sujo.

Neste fim-de-semana publicou na Folha o artigo Desvendando Marina, em que usa a religião (ou a religiosidade) da candidata do PSB para tentar desqualificá-la.

Com sua sabedoria de almanaque, faz um diagnóstico "científico" mequetrefe para ofender Marina: diz que ela sofre de "savantismo" (do francês "idiot-savant"), ou "síndrome do idiota-prodígio"Deve ter conhecimento de causa.

Ele afirma que "a ciência reconhece que o cidadão pode atuar de maneira coerente em um campo, ser mesmo genial, enquanto em outras áreas do comportamento mostra-se incapaz, por vezes incontrolável".

Diz mais, o "sábio" intelectual: "O fundamentalismo de Marina Silva não decorre da ignorância, mas de um defeito de percepção. Os especialistas chamam essa condição de desordem do desenvolvimento neural."

Para, enfim, concluir: "Essa é a razão por que espero que Marina não ganhe esta eleição."

Ou seja: "desordem do desenvolvimento neural". Uma doença. Esse é o pretenso diagnóstico que o tal cientista-jornalista faz de Marina por acreditar em Deus, num país que garante que "Ele" é brasileiro e onde Dilma disse que vale "fazer o diabo" para ganhar uma eleição...

Na campanha de 2010, Cerqueira Leite já usou do mesmo expediente aético para favorecer Dilma Roussef contra José Serra (no artigo “Genéricos e outros mistérios”) e tentar "desconstruir" exatamente o principal mote de campanha do tucano. Não por acaso, reproduzido no portal "Vermelho", do PCdoB, assim: Físico desmascara Serra sobre criação dos genéricos.

Folha chamou ditadura de "ditabranda"  
Enfim, o cientista come na mão de quem alimenta o seu ego: condecorado por Lula em 2006 com a "Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico", vê-se obrigado a colocar esses conhecimentos a serviço do PT.

Isso depois de ter participado de "missões de cooperação" no Governo Geisel, em plena ditadura militar - período em que Vladimir Herzog foi assassinado e no qual a Folha é acusada de contribuir com a repressão.

Aliás, em 1976 - no ano seguinte à morte de Herzog, que era jornalista da TV Cultura, Cerqueira Leite foi nomeado membro do Conselho Curador da Fundação Padre Anchieta, mantenedora daquela TV, pelo governador biônico Paulo Egydio Martins, outro indicado de Geisel (no período chamado de "ditabranda" pelo Conselho Editorial da Folha, em vez de uma ditadura assassina inaceitável).

Precisa de mais referências? Aos 27 anos, o "jovem" Rogério Cezar de Cerqueira Leite integrava a turma de 1958 da Engenharia do Instituto Tecnológico de Aeronáutica, mesmo ano que se tem notícia da maior farsa do ITA: o lançamento de um foguete inexistente. Uma "pegadinha".

Quer dizer, de fraude e mentira ele entende. Daí talvez a origem deste apoio apaixonado e subserviente ao PT. Que a Folha, lamentavelmente, endossa. E ainda chamam isso de jornalismo... Lamentável!

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