sexta-feira, 16 de agosto de 2013

À espera de um milagre, Haddad vai levando...

O prefeito Fernando Haddad vive uma espécie de "inferno administrativo" desde o vai-e-vem do aumento de R$ 0,20 na tarifa de ônibus, que desencadeou as já históricas manifestações de junho. Começaram ali as contradições do petista: anunciou o aumento, "desanunciou", reiterou que o reajuste era inevitável e por fim recuou novamente. Uma trapalhada sem tamanho!

Depois de um sumiço estrategicamente calculado para rearrumar a casa, os marqueteiros petistas lembraram o óbvio: o sucesso da gestão paulistana será essencial para um bom resultado do PT nas eleições de 2014, seja para a reeleição de Dilma Roussef ou para a tão sonhada conquista inédita do Governo do Estado. E tome marketing e recursos despejados em São Paulo para tentar reverter a situação crítica.

Mais uma vez, o vai-e-vem de Haddad chama atenção: na campanha, ele prometia resolver todos os problemas da cidade em parceria com o governo federal. Iniciada a gestão, as coisas não foram bem assim. Os recursos prometidos não apareceram e as promessas da propaganda eleitoral se transformaram na típica mentira de político.

No vale-tudo com vistas às eleições de 2014, por instinto de sobrevivência, Dilma e Haddad voltam a posar de dupla dinâmica do PT: a presidente (ou o marqueteiro João Santana, tanto faz) escolheu São Paulo como vitrine administrativa e iniciou o repasse de recursos para o transporte, a educação e a saúde - tudo devidamente registrado pela mídia, que não é "ninja" mas demonstra habilidade incomparável nessa guerra eleitoral (principalmente a ala majoritária da imprensa regada a patrocínio estatal).

E o prefeito Haddad tenta resgatar a imagem de "bom moço" e administrador "moderno", quando na verdade não passa de mero reagente às manifestações das ruas e das redes, além de refém de uma base fisiológica que lhe dá sustentação de ocasião na Câmara Municipal (a mesmíssima base do antecessor, Gilberto Kassab), e que começa a se rebelar por mais "espaço" (nesta semana os aliados deram a senha: uniram-se à oposição para derrubar as sessões sem votar nenhum projeto de interesse do Executivo).

As manchetes dos jornais destacam novos planos de ação pela mobilidade e pelo transporte público, com prioridade absoluta à implantação de corredores de ônibus... Obra de Fernando Haddad e do PT? NÃO! Cobrança da população nas ruas, na onda do Movimento Passe-Livre!

Se o povo não tivesse se mobilizado e cercado literalmente a Prefeitura de São Paulo, seria mantida a política do PT nos governos Lula e Dilma, que é privilegiar o carro particular. Não é à toa que todos os incentivos fiscais foram dados para facilitar a aquisição do automóvel e a indústria automobilística permaneça como termômetro do progresso do país desde os tempos da ditadura militar.

Agora, Haddad vincula a redução da tarifa de ônibus ao aumento do preço da gasolina. Outra contradição do petismo, cortesia com chapéu alheio. Tão combatida pelo PT na oposição, a CIDE (tributo criado no governo FHC sobre o litro do combustível) voltou a ser a solução mágica para baixar o preço do transporte sucateado e privatizado das grandes cidades.

Como sempre, o governo subsidia os preços que lhe interessam, sem muito critério e planejamento. Quando interessa, despeja recursos públicos para as empresas de ônibus. Até agora, porque lhe parecia mais conveniente, fazia o mesmo com a indústria automobilística. E o resultado disso tudo? Uma geléia geral no Brasil real pós-PT: uma empresa como a Petrobras falida, poluição fatal nas ruas, congestionamentos intransponíveis...

E a popularidade da "presidenta", vai bem?

Leia também: