A deterioração do governo Fernando Haddad é tão acelerada que a crítica que fizemos na sexta-feira de manhã (leia À espera de um milagre, Haddad vai levando...) ficou desatualizada em poucas horas. No mesmo dia, em audiência sobre o Plano de Metas da Prefeitura, na Câmara Municipal de São Paulo, foi anunciado o fracasso da maior alegoria da campanha petista: o chamado Arco do Futuro.
Incrível que, ainda no calor das eleições, a então candidata do PPS Soninha Francine apostou que Haddad não cumpriria a promessa do Arco do Futuro em quatro anos de governo. Muita gente chiou. Pois bastaram oito meses (!!!) para o prefeito desistir do projeto falacioso.
A secretária de Planejamento e Gestão da Prefeitura, Leda Paulani, anunciou aos vereadores e aos representantes de entidades presentes à audiência do Plano de Metas a
desistência de construir as vias paralelas à marginal Tietê que faziam parte do
projeto. Para a representante de Haddad, as obras são "caras" (não revelou quanto) e o município não tem
condições orçamentárias de fazê-las.
Na tentativa posterior de driblar o mal-estar causado pelo "sincericídio" da secretária de Haddad, foi divulgada uma nota oficial negando que fazia parte da promessa "projetar, licitar e garantir o financiamento dessas obras". Oi? O PT acha que todo mundo é idiota?
O fato é que o candidato Haddad prometeu uma coisa na campanha e, passados apenas oito meses de gestão, tomado o choque de realidade, encontra o pior dos argumentos: diz que a promessa "não previa a execução das obras ou a entrega delas". Ah, claro! Malandrinho...
Poste de Maluf, poste de Lula
É basicamente o mesmo que o prefeito Celso Pitta fez ao se eleger em 1996 na onda do marketing do Fura-Fila. Na época, o publicitário Duda Mendonça inventou um super-ônibus que revolucionaria o transporte público em São Paulo. A criação maravilhosa só funcionou na propaganda computadorizada da TV.
Dezoito anos e quatro prefeitos depois (Marta, Serra, Kassab e Haddad), o projeto do Fura-Fila foi completamente modificado para se tornar minimamente viável e segue em obras, consumindo rios de dinheiro público, chamado hoje de Expresso Tiradentes.
O marqueteiro João Santana repetiu o truque de Duda Mendonça para ludibriar outra vez o eleitor paulistano e acabou elegendo o poste de Lula com o mesmo modus operandi do poste de Maluf. Triste destino da maior metrópole brasileira...