Até 2 de abril, por força da legislação eleitoral, todos os potenciais candidatos a prefeito ou vereador em 2016 devem estar regularmente filiados a algum dos 35 partidos políticos reconhecidos pelo TSE. Nesta eleição há duas novidades: pela primeira vez, o prazo de filiação partidária caiu de um ano para seis meses antes da eleição (que ocorrerá no dia 2 de outubro); a outra novidade se dá por conta das prévias tucanas e da desfiliação do vereador Andrea Matarazzo do PSDB.
A definição de João Doria como candidato à Prefeitura de São Paulo, com apoio determinante do governador Geraldo Alckmin, bagunçou todo o cenário eleitoral, que estava mais ou menos desenhado com as candidaturas já colocadas de Celso Russomanno (PRB) e Marta Suplicy (PMDB) à sucessão do prefeito Fernando Haddad (PT).
Pretendido por vários partidos, Andrea Matarazzo fará uma escolha que, dentro deste prazo de dez dias, pode alterar o jogo de forças nas eleições municipais. Muita gente aposta que ele vai para o PSD de Gilberto Kassab, movimento que coincidiria com o desembarque do ex-prefeito e atual ministro das Cidades do Governo Dilma Roussef. Mas há outras opções: o PV ou o PPS, por exemplo.
A favor do PSD pesa o tempo de propaganda na TV que ele teria disponível para a sua candidatura a prefeito. Porém, nas redes sociais os apoiadores de Matarazzo criticam duramente a reaproximação com Kassab, de quem ele já foi secretário municipal, mas que hoje é um dos nomes na linha de frente da defesa da presidente Dilma. Uma afronta para o seu eleitorado.
Tanto o PPS quanto o PV lhe proporcionariam um ambiente mais favorável e um discurso mais coerente. A insegurança aí passa a ser, além do tempo de propaganda menor dessas legendas, com a pressão exercida por Alckmin aos partidos da sua base de apoio. Se bem que basta consultar o histórico para ficar mais tranquilo: o PPS bancou candidatura própria (de Soninha Francine) nas duas últimas eleições municipais (2008 e 2012); e o PV lançou Gilberto Natalini para governador em 2014.
O PV e o PPS são procurados para integrar as coligações de João Doria (PSDB), de Marta Suplicy (PMDB) e de Ricardo Young (Rede Sustentabilidade). Vereador eleito pelo PPS e fundador da Rede ao lado de Marina Silva, uma dobradinha destes dois partidos na chapa de Young (com um vice indicado pelo PPS) seria um caminho natural e bom para ambos. Já o PV não descarta lançar candidato próprio (são ventilados os nomes de Eduardo Jorge, Penna ou Roberto Tripoli).
Quem seguirá o PMDB da ex-prefeita e ex-petista Marta? Se o PMDB assumir a Presidência da República, será a bola da vez, sem dúvida. Cogita-se até um suposto acordo entre José Serra e Gilberto Kassab para colocar Andrea Matarazzo como vice na chapa de Marta, o que significaria a pá de cal nas pretensões de Alckmin para eleger Doria prefeito e chegar à Presidência em 2018.
Há muito balão de ensaio, mas certamente os desdobramentos da Operação Lava Jato e o possível afastamento da presidente Dilma (com a formação de um eventual Governo Temer) vão também mudar o cenário até o prazo das convenções partidárias (20 de julho a 5 de agosto), assim como as pesquisas de intenção de voto para prefeito que estão programadas para os próximos dias. O sobe e desce eleitoral ainda vai influenciar bastante a cotação dos candidatos na bolsa de apostas dos partidos.
Em torno de João Doria são dados como apoiadores certos o PSB do vice-governador Marcio França, o DEM do secretário da Habitação, Rodrigo Garcia, e o Solidariedade do deputado Paulinho da Força, além de um apanhado de partidos menores e possivelmente até de movimentos pró-impeachment como o Brasil Livre e o Vem Pra Rua.
Do outro lado, unidos pela reeleição de Haddad estarão possivelmente o PT (com Eduardo Suplicy puxando votos para a Câmara Municipal), o PCdoB, o PDT, o PR e o PROS.
Contra Celso Russomanno ainda existe a dúvida se ele não estará impedido de concorrer devido a complicações com a Justiça. Caso vença o obstáculo da ficha limpa, o candidato do PRB pode ter apoio do PTB de Campos Machado e do PP de Guilherme Mussi, que tenta livrar o partido da herança do malufismo (e hoje flerta com Russomanno e Marta pela vice para o Delegado Olim).
Correm por fora algumas candidaturas para marcar posição: Ivan Valente (ou Luiza Erundina, que acabou de trocar o PSB pelo PSOL, se conseguirem convencê-la a disputar mais uma eleição); Denise Abreu pelo PMB; Laercio Benko pelo PHS; o eterno Levi Fidelix pelo PRTB... Quem mais?