terça-feira, 9 de abril de 2013

Os "sem dias" de Haddad na Prefeitura de São Paulo

Na próxima quarta-feira, 10 de abril, o prefeito Fernando Haddad (PT) completa 100 dias à frente da Prefeitura de São Paulo.

Tradicionalmente, a data deveria marcar o fim do período de "adaptação" de início de mandato e o início de obras e ações concretas, que mostrariam de fato a que veio o "novo" gestor.

É o que o próprio PT (aquele velho partido forjado na oposição) sempre cobrou. Porém, pela terceira vez (em 24 anos) no comando da administração da maior cidade do país, o partido que também governa o país há três mandatos consecutivos (11 anos), tem quase nada de novo a apresentar.

O "novo" - que o marketing do então candidato Haddad tanto propagava - aparenta ser o mesmo de sempre. Nada de "novo", apenas o PT de novo. Outra vez. Que pena!

Da primeira eleição, de Luiza Erundina (1989/1992), com uma gestão que prometia muito e acabou ressuscitando o malufismo, à passagem de Marta Suplicy (2001/2004), eleita justamente para arrumar a casa do pós-malufismo na sucessão de Celso Pitta (enquanto o próprio Paulo Maluf se aninhava na base de Lula e Dilma), o PT viveu a sua transformação involutiva, culminando com o pragmatismo de mensaleiros e justificando "fazer o diabo" para vencer.

A imprensa divulga que Fernando Haddad não fará o tradicional balanço de 100 dias à frente da Prefeitura de São Paulo. Óbvio. São "SEM DIAS" de governo "novo".

O que o PT fez até agora foi piorar o que existia nas gestões anteriores (por exemplo, a inspeção veicular), aprofundar a relação de submissão do Legislativo ao Executivo e continuar apostando no marketing como plataforma de governo.

Segundo a assessoria da Prefeitura, Haddad quer marcar os 100 dias de governo com uma maratona de audiências sobre o Plano de Metas. Serão 16 neste sábado (dia 13) e outras 16 no próximo (dia 20), em todas as subprefeituras. Outros quatro encontros temáticos serão realizados até o final do mês. Tudo muito "bonito" (por fora, bela viola...), se o próprio Plano de Metas não fosse um "faz-de-conta".

Subprefeituras que não funcionam

Outra promessa falaciosa da gestão petista foi consolidar a descentralização administrativa, aumentando o poder das Subprefeituras.

Para contrapor os "coronéis" de Gilberto Kassab, entraram os "técnicos" de Haddad. Na prática, pouco mudou: orçamentos pífios, prioridades tacanhas e a manutenção do loteamento político entre os vereadores da base.

A matéria de capa da Revista da Folha deste domingo é um primor: fotos posadas dos "xerifes" (ops, subprefeitos) e um amontoado de bobagens divulgados como planos de curto, médio e longo prazo.

Por exemplo, veja as "prioridades" do subprefeito da Sé, Marcos Barreto (foto da capa da revista, ao lado). Repare que esta é a maior, mais "rica" e mais "central" Subprefeitura.

Curto prazo: Atender as demandas da população com mais rapidez e qualidade. Médio prazo: Reurbanizar o vale do Anhangabaú para o Fifa Fun Fest, na Copa de 2014. Longo prazo: Reformar todo o calçadão do centro, incluindo o mobiliário urbano.

Quer dizer então que as "prioridades" de médio e longo prazo da principal Subprefeitura de São Paulo, até 2016, podem ser resumidas a uma reforma do calçadão do centro e a um agrado econômico-festivo aos velhinhos mercenários da Fifa?

Reflexos desse PT "moderno", que precisa de um artigo na Folha deste domingo, escrito pelo presidente de empreiteira Odebrecht, mecenas de Lula (ou seria o contrário?), para defender que está em jogo "tão-somente o interesse do País". Aham!

Para comprovar que o problema não é localizado, tomemos outro exemplo. A Subprefeitura da Mooca, tradicional bairro da zona leste de São Paulo, um dos menores índice de áreas verdes por habitante da cidade, assiste inerte um possível parque ecológico da cidade se transformar em condomínio de luxo (leia).
 
Veja as "prioridades" do subprefeito Francisco Ricardo (Mooca). Curto prazo: Intensificar limpeza pública e melhorar sistema de drenagem. Médio prazo: Fazer projetos e parcerias para ampliar e conservar áreas verdes. Longo prazo: Cumprir o plano de tornar a subprefeitura autônoma.

Se é verdadeira a preocupação de "médio prazo", está aí a implantação do Parque Ecológico da Mooca para comprovar. No "longo prazo", parece que basta também uma ação efetiva da Prefeitura, dando condições orçamentárias, políticas e administrativas para tornar de fato as Subprefeituras autônomas.

Falando nisso, cadê os conselhos de representantes e o orçamento participativo, duas práticas tradicionais que foram abandonadas pelo "novo" PT?

PT, quem te viu, quem te vê...


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