Número de autuações por velocidade é 42% maior que em 2010 e supera desrespeito ao rodízio
Em média, a cada dez segundos um motorista recebe uma multa por excesso de velocidade em São Paulo, ou seja, seis motoristas são multados por minuto na cidade, apontam os dados divulgados ontem pela CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) e publicados nesta quinta-feira (1/12) pelo jornal Destak.
Esse tipo de infração foi a mais cometida pelos motoristas nos dez primeiros meses deste ano. Elas representam mais de um terço (35%) das 7.898.329 multas registradas no período e ultrapassaram, pela primeira vez, a quantidade de multas aplicadas por desrespeito ao rodízio (2.209.800, ou 28%).
No comparativo com todo o ano passado, as infrações por excesso de velocidade avançaram 42%: em 2010, foram anotadas 1.950.111.
No geral, a quantidade de multas até outubro supera em 13% as registradas em todo o ano passado, quando foram 6.974.682 autuações.
Mais radares
Além dos 2,4 mil agentes, as vias da capital são monitoradas por 576 radares capazes de flagrar desrespeito ao rodízio, excesso de velocidade, avanço do semáforo, invasão à faixa de ônibus e de pedestres, além da circulação de motos em locais indevidos. Até 2010 eram 541 e, em breve, eles devem chegar a 600.
Além disso, desde o ano passado, várias vias da capital tiveram alteração no limite de velocidade permitido. Na maior parte delas, o limite de 70km/h foi reduzido para 60km/h. É o caso, por exemplo, da Radial Leste.
Para o especialista em trânsito Humberto Pullin, colocar mais radares é uma boa medida, pois visa a reduzir acidentes. Para ele, a redução de velocidade não influencia a evolução das multas, já que é uma medida com divulgação antecipada.
Arrecadação com multas deve crescer 30% em 2012
No que depender das projeções da Prefeitura, a quantidade de multas deverá aumentar ainda mais em 2012. É o que prevê o Orçamento para 2012 enviado à Câmara Municipal.
Ele sugere que, no ano que vem, serão arrecadados R$ 832 milhões com multas, cifra 30% superior ao que é esperado para este ano: R$ 638,9 milhões. Em 2010, as infrações cometidas por motoristas deram aos cofres da Prefeitura R$ 528 milhões.
Comentários do Blog do PPS
1) Triste a sociedade que vive diante de uma indústria de multas, cuja fúria arrecadatória é muito maior que o interesse na educação ou mesmo na necessária punição ao motorista infrator.
2) Triste a sociedade cujo parâmetro de desenvolvimento ainda é a produção e a quantidade de veículos vendidos pela indústria automobilística; herança maldita dos anos do "milagre econômico" da ditadura, que acaba gerando a ânsia de cada pessoa ter o seu próprio carro, ocasionando um trânsito caótico, poluição e uma série de problemas derivados desta visão antiga e anti-sustentável.
3) Para contornar o gravíssimo problema do trânsito é necessária a discussão de medidas restritivas e polêmicas como rodízio, pedágio urbano, controle do horário para circulação de caminhões, maior investimento na rede de transporte coletivo (trem, ônibus, metrô) etc.
4) Outro ponto polêmico mas absolutamente necessário: regulamentar a circulação de motos, maior causa de mortes no trânsito e de congestionamentos devido à quantidade de acidentes que ocorrem diariamente, com o consequente reflexo na paralisação do tráfego em vias importantes para realização do socorro. Ou seja, além de efeitos nocivos ao trânsito, trata-se de questão de saúde pública e também sócio-econômica, devido à quantidade de empregos gerada pelas empresas de motoboys.
5) A redução da velocidade em vias importantes como a Radial Leste de 70 km/h para 60 km/h tem como único objetivo pegar de surpresa o motorista desavisado para aumentar a arrecadação em multas. Primeiro porque, na maior parte do dia, com o congestionamento dessas vias, não se chega a nenhuma dessas velocidades: nem a nova, nem a antiga. É mais rápido ir a pé do que circular de carro. Segundo ponto: nos poucos horários em que o trânsito está livre, a velocidade de 70 km/h é perfeitamente viável. Sempre foi assim e nunca foi esta a causa de acidentes.