E o criador deu vida à criatura, com o sopro divino do voto democrático. Assim se faz a história: Lula, um dos mais carismáticos e populares líderes globais, presidente do Brasil eleito e reeleito após três derrotas consecutivas, fez de uma coajduvante da luta democrática brasileira, técnica mediana paradoxalmente pinçada de fora do gênesis petista, a sua sucessora.
Dilma Roussef, a primeira mulher eleita para a Presidência do Brasil, parece até de certo modo deslocada na peça que o destino lhe prega com as bençãos de seu padrinho, mentor e patrocinador.
O que lhe reserva o futuro, Dilma Roussef? Além da questão puramente filosófica, há uma série de fatores políticos para as respostas que todo brasileiro espera a partir de 1º de janeiro de 2011. Dilma conseguirá se libertar da sombra de Lula? Qual a configuração do futuro governo? Como vai se comportar a presidente diante das forças e partidos coligados que a elegeram? Como exercerá o poder diante da maioria governista no Congresso e, ironicamente, com os estados mais importantes controlados pela oposição? Qual será a marca do seu governo?
A presidente Dilma terá, em tese, quatro anos para mostrar a que veio. Mas quatro anos passam muito rápido, principalmente diante dos desafios de um país como o Brasil, das urgências sociais e dos interesses que estão em jogo.
Dilma não é Lula, herdou parte dos seus votos (suficiente para lhe propiciar maioria) mas não o seu carisma nem a sua trajetória quase mitológica, portanto não terá a mesma condescendência do povo e do establishment.
Neste momento, cabe ao PPS, no seu legítimo papel fiscalizador de partido de oposição, parabenizar Dilma pela eleição e desejar discernimento, capacidade, honradez e sorte para exercer a presidência da República e fazer o melhor para o Brasil.